terça-feira, 13 de julho de 2010

Noites de verão

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Dor de cabeça, sede e vestígios de uma noite cheia de excessos espalhados pelo chão. Não havia segredo algum pelo fato de estar me sentindo um lixo: a caipirinha custava apenas cinco reais! O enjôo durou metade do dia e apenas uma porção extremamente gordurosa de camarão fez com que me sentisse melhor no final da tarde.

Não tinha levado calças nem mesmo tênis para a viagem. Entrei no bar de havaianas e bermuda. A camiseta pólo melhorava um pouco meu estigma. O local estava completamente cheio e já me lembrava vagamente de, pelo menos, metade das pessoas que estavam ali na noite anterior. Talvez aquele fosse o lugar mais apropriado da cidade naquele horário para se divertir.

Primeiramente fui até o bar, claro. Não tenho certeza de quantos copos tomei exatamente, mas me recordo de já estar em um nível bastante agradável. Estar solteiro pode, algumas vezes, lhe trazer liberdades exageradas.  Voltei a conversar com uma garota que havia conhecido na noite anterior. Com uma insistência mínima, ganhei um beijo. Despedi-me com um sorriso e fui até o bar mais uma vez.

Aquela altura a sobriedade já havia me abandonado por completo. Estávamos em um grupo de três conversando em uma roda agradável quando uma garota passou ao lado e esbarrou em mim. Voltei-me para ela e, certamente, dei alguma cantada idiota que normalmente nunca daria certo. Ela me ignorou e continuou andando, pelo menos foi o que eu havia pensado. Virei-me novamente para a roda. Assim que me dei conta, percebi que ela estava parada ao meu lado. A introduzi na roda e voltamos a conversar. Gostaria muito de oferecer uma descrição razoável de como ela era, mas infelizmente, por mais que me esforce, não consigo resgatar nenhuma imagem válida.

Não sei sobre o que conversávamos, porém acredito que estava tentando conquistá-la com alguma história de bêbado pouco convincente.  Meus amigos não tinham abeto a boca para dizer uma única palavra até que um deles puxou o celular do bolso e escreveu no espaço de mensagens:

“Escolha um de nós três e dê um beijo nele.”

Não entendi muito bem o que havia acontecido, mas ela se aproximou e lhe deu um beijo sem que ele lhe dissesse uma única frase de consolação. Não sei o que passou por meus pensamentos, mas pedi que ela também me agraciasse com tal gesto. No começo ela hesitou, mas simplesmente também me beijou. A lei do mínimo esforço voltava a imperar. Aproveitei a deixa e pedi que ela beijasse o amigo que restava . Ela, claro, o fez. Fico imaginando o que meus avós diriam se tivessem a chance de observar uma cena inusitada como esta.  Meus netos possivelmente irão aproveitar a vida de uma forma incrível.

Assim que paguei a conta, meu amigo – aquele que conquista mulheres sem dirigir-lhes a palavra – disse-me para sairmos sem pagar. Apenas me convenceu a voltar até o caixa e dizer que eu não havia recebido o comprovante. Um plano alcoólatra nunca havia dado tão certo. Apesar do estado em que me encontrava, acho que fui convincente, pois não deve ser nada fácil acreditar nas palavras de um bêbado. Esperei um pouco ao lado direito do caixa conversando, quando a funcionária se aproximou com o segurança e pediu-lhe que me escoltasse até a saída. Meu amigo percebeu o que estava acontecendo e se aproximou. Tirei cuidadosamente o comprovante do bolso e lhe passei com a mão direita sem que ninguém percebesse. Sai e esperei que me encontrassem la fora.

Estávamos apenas esperando o último companheiro, quando resolvi me aventurar em mais uma empreitada. Era uma morena linda, cabelos lisos até as costas, olhos negros. Estava sozinha apoiada no muro ao lado da saída. Dela, conseguia me lembrar perfeitamente. Aproximei-me e começamos a conversar até que um amigo seu postou-se ao nosso lado e me fez um gesto para que eu fosse embora.  Não sei o que pensei exatamente, mas respondi de forma pouco amistosa:

– Por que você está sendo um puta de um babaca?

Não preciso dizer que ele não gostou nem um pouco da forma como me dirigi a sua pessoa. Voltei a conversar com a garota quando ele se aproximou e me empurrou. Ainda estava com as mãos no bolso. Se ele tivesse me acertado um soca na face, não teria sequer percebido. Assim que ele começou a armar a briga, a mesma terminou em menos de trinta segundos. Meus amigos e a turma do “deixa disso” apartaram toda a movimentação. Não houve um soco nem mesmo um copo quebrado, apenas uma ofensa um tanto incomum.

Todos reunidos, voltamos para casa tranquilos e realmente felizes enquanto amanhecia. A noite havia sido muito bem aproveitada e ainda tínhamos pela frente mais dois dias livres no feriado.

5 comentários:

Esdras disse...

haahahahahah fico para historia essa em !!
Peruibe o lugar aond mais se ganha lembrancinhas.

Blogueiro disse...

é meu amigo... o mundo é dos bebados.

Gui disse...

"All the crazy shit I did tonight, those will be the best memories..."

Wacinom disse...

Adorei a proposta do seu blog, voltarei sempre , ou melhor já estou seguindo.
Abraço.

Batalha Literária disse...

Juro que queria le e comentar direitinho o que achei, mas prometo que vou copiar, mandar para meu cel e vou le. Ai retorno e comento o que achei. Por alto, acho que vou gostar.
=)