quinta-feira, 26 de março de 2009

Poeta sonhador

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Chegou ao topo do mundo e pôs-se a gritar, indignado com suas preocupações. Era seu único recado depois de tanto tempo em silêncio. Estava preocupando muitas pessoas à sua volta, estava agora ficando quieto e fugindo de seus compromissos. Estava cansado de tantos julgamentos? Estava conturbado porque errava demais? Deixava escapar aquilo que tinha que ser mantido guardado?

Preocupou-se em brincar com o eco, sobre a saudação de um vento vadio qualquer sentava e sorria por nada, por nenhum motivo, estava apenas sendo um pouco feliz consigo mesmo. Despediu-se do verão e cumprimentou calorosamente o outono, era um homem livre afinal. Uma pessoa simples, agradecendo todos por sua companhia e fazendo por merecer. Suas costas andavam doloridas mesmo assim conseguiu adormecer, sonhava com crianças ao seu redor, que brincavam e sorriam com ele. Era um sujeito que irá adotar uma criança quando estiver com uma renda estável.

Ficou estranho, diferente, acabaram ferindo-o demais. Levantou-se e tomou seu café, amargo e escuro, comeu seu pedaço de pão duro e se despediu. Estranhou si próprio quando sentou-se para escrever – “Que palavras tão perturbadas são essas que estou escrevendo?”

Passou a desenhar, e fazia muito bem isso. Aprofundou-se até terminá-lo por completo, não ficou muito satisfeito, faltava algo e gastou mais um pouco do seu tempo descobrindo o tal erro. Não descobriu, mas soltou um sorriso de satisfação. Ao sair na rua foi recebido pela chuva inesperadamente, olhou para cima e passou a mão sobre sua face, uma situação um tanto que agradável para ele. No jardim do poeta sonhador ainda continuava crescendo flores em todos os ramos.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Coma induzido

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Faltava energia a mais de quatro horas. A chuva não desistia de cair. Um temporal imenso que não me possibilitava nem mesmo tentar a sorte pela rua afora.

Sem muitas opções, cansei-me de ficar sozinho no escuro lutando contra o tédio interminável. Desci até a garagem. Eu, um pequeno pinscher e um ótimo vira-lata que me esperava ao lado de fora. Tenho bastante curiosidade para saber o que na verdade os cães pensam.

Abri a porta e sentei-me no banco do motorista. Liguei o som. Os animais estavam frenéticos admirando um mundo novo e inacessível, intitulado automóvel, e eu, apenas buscando uma chance para me entreter.
Frases bem escritas tocavam meu coração ao mesmo tempo em que tentava, imaginava e buscava uma forma para dar vida aos meus sonhos.  Conseguia enxergá-la claramente, mas nunca ao meu lado. É impossível lutar quando não temos mais esperanças. Onde você estava enquanto podíamos chegar mais alto?

Gostaria que adentrassem minha alma uma única vez para que pudessem sentir, viver e sonhar tudo aquilo que tento, mas não encontro um meio de dizer, mostrar ou fazer com que percebam minhas verdadeiras intenções. Podemos ser heróis por apenas um dia. Mais uma vez escuto a sua voz. Seria ótimo poder controlar minhas emoções. Quando isso acontecer sei que o seu sorriso me levará ao fracasso total.

Desligo o som. Um remédio para mim, porfavor. Levanto-me e fecho lentamente a porta do carro. Meus companheiros me seguem incansavelmente. Olho para a lua somente uma única vez. Entro e me deito na cama. Acabo de me dar conta que já está na hora de acordar.

terça-feira, 17 de março de 2009

Primeiro passo da esperança

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Nada te leva à inferioridade com exceção da sua consciência. Abuso do dia para felicidade alheia, e busco nela talvez uma gratificação para minha alma. Da felicidade tiramos a esperança, e dela o maior dos motivos para alcançar nossos objetivos. Há algum tempo que ouço a tal da história que dinheiro traz felicidade, mas onde mesmo eu encontro a felicidade para comprar?

A ambição não nos torna uma pessoa ruim, talvez se não tivéssemos nos tornaríamos fracos por falta dela. Mas o mal vem a partir do egoísmo, quando achamos que o importante é sermos ricos, com poder financeiro e status de riqueza nas costas. Algumas dores do passado me fizeram ver as pessoas de uma maneira diferente, de um jeito mais atrativo. Acho que é aquela parte que você aprecia, mas sente receio em falar, isso é um erro que vem prejudicando nosso lado humano. Parece que hoje em dia tem pessoas com medo de elogiar e sentem receio de serem criticadas. Oh humanidade com seus medos e egoísmo, mas no meio delas existe sempre alguém para sorrir, mesmo que essa pessoa não tenha nada e ao mesmo tempo possa ter tudo.

Que mundo é esse que hoje recebemos um sorriso com desconfiança, achando sempre que são segundas intenções. Pode ser que eu faça da caligrafia de uma criança uma arte, daqueles rabiscos esforçados para uma geração de novos talentos. Das histórias dos idosos que enobrece meus ouvidos, passando para frente sua experiência única, uma vida. Assim deixo um sentimento, um gesto, um carinho ou mesmo uma palavra, mas estará sempre contigo a minha esperança.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Pergunte ao vento

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Encontrava-se sentado no muro bem no meio da noite. Contemplava algumas estrelas e o céu não possuía a tal poluição, já não me impedia de ver com clareza a lua. Uma lua tão feminina quanto à brisa da manhã. Eu apenas olhava, sem nada na cabeça. Meia hora antes estava no meio da maioria de meus amigos, rindo e bebendo, estava no ambiente que mais ficava satisfeito. Decidi tomar uma dose de reflexão e fui fumar um cigarro no muro, lá tinha visão privilegiada de uma pequena parte do bairro e a montanha por inteira. A cidade grande andava deixando minha cabeça cheia de pensamentos negativos. Eu estava desempregado e sem muitos planos futuros.

Algo precisava ser feito, mas não dispunha de muitas oportunidades oferecidas, ainda quando tinha não era bem do jeito que se esperava. Uma mão me puxava para as coisas boas, mas dois pés me chutavam para o lado ruim. Sempre terei forças para segurar a mão que me guia para o lado bom, sob qualquer circunstância jamais deixarei atropelar que acho correto e humano. Lutei por muitos e talvez obtivesse sucessos em alguns. Reclamo daquilo que não tenho e agradeço por aquilo que possuo.

Cansei da mesma conversa de que eu era feliz e não sabia, talvez eu diga isso pelo resto da minha vida. Estava preste a fazer novas escolhas e desta vez não podia falhar, tudo dependia de mim mesmo e somente minha pessoa podia tomar as decisões corretas. Mais uma vez em conversa com o tempo, à qual já não possuía muito, fiz uma decisão correta. Desci do muro e voltei para a conversa, estava em mim novamente.

sexta-feira, 6 de março de 2009

O primeiro e último encontro

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O sol escaldante me fazia desistir de todos os meus planos. Era um belo, mas ao mesmo tempo, ocioso dia. Alguns inimigos haviam dado as caras e me recordado que, dependendo da situação, o dia seguinte pode não mais chegar. Comecei a prestar mais atenção ao movimento nas ruas e percebi que não vale nem um pouco a pena perder tempo se preocupando.

Quando desci do ônibus, me dei conta que o ar estava diferente. Pesado e rarefeito. Talvez um reflexo de minha alma. Perdi alguns minutos olhando o céu e depois mais alguns outros observando as garotas que se exercitavam na academia em frente ao ponto. Não importa qual seja a situação, o instinto sempre prevalece.

Parei em um daqueles decadentes bares e perdi um bom tempo jogando conversa fora, mas a cerveja já não descia mais com o mesmo gosto. Tentava descobrir o que estava errado. Em um esforço sem igual, concentrei-me ao máximo para encontrar o problema. Foi uma tentativa inútil. Dei o último gole. Uma navalha parecia cortar minha garganta. Sábia que era tudo obra de minha mente, mas o sabor do sangue me despertou.

Corri e corri pela rua atrás de algo que nem sabia o que era. Feliz e atordoado pensando em como faria para sentir aquela sensação novamente. De repente visualizei um grande lampejo de luz e pude ver aquele rosto nitidamente. Era incrível. O mundo parecia melhor por um breve momento. O tempo parou por um segundo. Ouvi uma grande freada e vários gritos de desespero. Quando me virei, só pude ver o capô do carro se aproximando. O barulho do impacto foi muito maior que a dor que deveria ter sentido. Voei como um pássaro em queda livre. Rolei pelo chão por uma quinzena de metros e parei encostado na sarjeta como um bêbado em busca de um sono tranqüilo.

Agora podia sentir o verdadeiro gosto do sangue. Dessa vez não era tão saboroso assim. A garota desceu do carro em um desespero sem igual. Chorava e, apesar do choro, conseguia manter a sua incompreensível beleza. Não podia acreditar no que meus olhos viam. Era única. Nunca havia visto nada assim tão lindo. Ela me abraçou olhando para o sangue que escorria em meu rosto. A adversidade da situação fez com aquele fosse o abraço mais sincero que já pude receber.

Sentia frio, mas estava feliz por poder estar junto dela ao menos uma vez. A dor, curiosamente, nunca chegou. Suas lágrimas pingavam em meu rosto. Agradeci pelo gesto. Sacrifiquei-me para pensar em algo bom a dizer, mas aquele não era mesmo um bom momento para ser tentar uma cantada. Os seus olhos brilharam mais uma vez. Aos poucos fui perdendo um a um os meus sentidos. Ouvir? A audição era apenas uma leve lembrança. Parei um minuto para pensar e desejei que tudo tivesse sido diferente. Queria tê-la conhecido em outra situação. Foi um enorme desperdício. Era extremamente difícil me mexer, mas consegui segurar suas pequenas mãos de fada. Aos poucos, fui fechando os olhos para nunca mais abri-los.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

O lado ruim do amor

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Estava andando pela rua pronto para entrar no prédio quando me deparei com aquela triste cena. Ele, sozinho, sentado e chorando no pé da escada que dava para a entrada da rua. As lágrimas escorriam por todo o seu rosto. Completamente frágil e desolado ele dava sinais de que alguma desgraça estava prestes a acontecer.


Dei um último trago e joguei o cigarro fora. Abri o portão e pude ouvir o silêncio pela primeira vez. Fui me aproximando lentamente. Podia sentir sua dor em cada suspiro enquanto presenciava o lado ruim do amor. Com calma, sentei- me ao seu lado.


– O que te aflige, meu amigo?

– Ela disse que já não me ama mais. – E mais uma vez as lágrimas caíram.

– Tenha calma. Essa dor um dia irá passar. Você precisa ter paciência e viver sua própria vida. Viver por você. Ser feliz por você mesmo. O mundo é ótimo e você ainda nem se deu conta disso. Respire e esqueça tudo o que te aconteceu. Levante a cabeça. Enxugue essas lágrimas e abra um sorriso, que tudo irá melhorar. Mostre a todos que não precisa de ninguém para que consiga andar com as próprias pernas. É essa a graça de tudo. Força!


Tinham terminado há mais de dois anos e ele ainda não havia superado aquela incrível perda. Já ela, nem se lembrava mais qual era o seu verdadeiro nome e ele, repetia o dela todas as noites antes de adormecer. Grande ironia.


Enquanto ele enxugava suas lágrimas, uma linda garota de olhos verdes e vivos como a lua passou pela rua abrindo o sorriso mais belo e sincero em sua direção. Ela continuou a caminhar vagarosamente pela calçada, inaugurando um caminho de flores e alegria por toda a estrada em que seguia. Chamava tanta atenção que era difícil criar coragem para conseguir uma aproximação.


– Levante- se e vá falar com ela. – Precisava, de algum modo, mostrar a ele que ainda tínhamos chances de ser feliz.


Não disse mais nada. Tirei um lenço do bolso e o obriguei a enxugar o rosto. Solenemente o ergui do chão e lhe dei um empurrão até a rua. Dei um grito e acenei para aquela inesquecível garota.  Ela nos olhou intrigada e parou. Deu dois passos em nossa direção e meu inconsolável companheiro foi trocar um par de palavras com ela.


Hoje, os dois estão juntos há mais de cinco anos. Felizes e inseparáveis. O seu nome? Eu já não me lembro mais.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

O silêncio do desabafo

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Pelos eventos em acontecimento a cabeça andava um tanto que confusa. A diversão tinha se tornado outra e sabia que com o passar dos anos as coisas naturalmente vão mudando. Era uma meta acabar com a solidão, mas ainda procurava melodia em canções inacabadas. Então surge aquela pergunta que se repete inúmeras vezes na cabeça, e você só tem como resposta outra pergunta – Por que sempre é comigo que acontece isso?

Algumas batalhas são tão complicadas de resolver, no entanto algumas que parecem ser realmente simples se tornam um pesadelo quando se está cara a cara da situação. O silêncio pensativo das pessoas que caminham na rua já não chama mais atenção, o egoísmo tem ganho batalhas pelo caminho. Muitas das vezes ando omitindo a verdade porque a mentira anda parecendo tão clara. Eu penso, escrevo, leio tudo que o sempre digo, parecendo sempre bater na mesma tecla, mesmo assim vejo tudo sempre igual, talvez esteja descobrindo que na verdade o erro pode estar em mim.

É difícil quando você precisa falar algo e simplesmente não diz, fica pensando se é o tempo certo para ser dito, se não está se precipitando, se a pessoa vai entender e corresponder. Talvez meu medo de nunca arriscar tenha deixado eu fraco demais na hora de tomar fortes decisões. Essa velha história de deixar o tempo tomar conta cansou, isso para mim não passa de contos em tela de cinema. Minha sorte vai muito além do tempo, se eu não me mexer a terra também não se moverá.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Ao menos um final feliz

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Fazia tempo que não chovia tanto assim. Podia ver seu rosto em cada gota que caía. Uma linda foto para se entreter. Ali, parado, tentava imaginar como a encontraria em um lago deserto embaixo de um belo arco-íris. Algumas vezes tinha um pouco de trabalho para conseguir sonhar.

Resolvi levantar. Fui até a cozinha e olhei em volta.  Nada que me agradasse. Abri a porta e me deitei no quintal. Não tinha medo de nada e ninguém naquele momento poderia me derrotar. O chão molhado me aconselhava a voltar e a chuva, aos poucos, foi cessando. Podia ver seus olhos piscarem para mim em cada estrela que surgia.

Dei três espirros para me dar conta de que estava ficando doente. Sabia que a salvação já não estava mais em meus planos. Só me bastava esperar e essa era a parte difícil do trabalho. Apenas sua presença poderia me curar, mas era tarde demais.

Levantei-me, limpei os pés no tapete e me sentei na ponta do sofá. Com uma expressão triste, arrumei os cabelos e pronunciei minhas últimas palavras:

“Adeus”

Uma grande explosão de luz e me deparei em uma gigantesca estrada. A neblina púrpura cobria todo o terreno. Centenas de garotas dançavam no meio da avenida. Todas com vestidos brancos, descalças e de mãos dadas. Celebravam a minha chegada. Ruivas, loiras e morenas. Cabelos lisos e compridos até o ombro. Um festival de olhos azuis. Faziam um lindo coro.

A mais linda delas se virou e correu em minha direção. Foi chegando cada vez mais perto e parou a um palmo de distância. Podia sentir a perfeição de frente. O aroma era magnífico. Olhou-me no fundo dos olhos e sorriu. Piscou e aproximou os seus lábios dos meus. Fechei meus olhos. Apenas um toque. O alívio invadiu meu peito e o peso nos ombros havia sido deixado para trás. Foi o momento mais feliz de toda a minha vida. 

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Passo de hoje, caminho do amanhã

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- Bonito dia hoje não acha?!

Falou o velho senhor ao meu lado.

- Sim...sim, com toda a certeza!

Respondi olhando para o céu e cegando-me com o raio solar. Era uma bela manhã de uma semana qualquer, esperava o ônibus em uma cidade do interior para ir para a cidade vizinha resolver alguns problemas. Ali passavam algumas pessoas simples, com roupas tradicionalmente interioranas e seus chapéus, e todos os presentes sempre cumprimentavam uns aos outros, quando não tinha uma aglomeração de pessoas conversando. Apreciava tudo aquilo desde o cachorro que vagava pela rodoviária até o ônibus que chegava empoeirado de terra, talvez sejam duas coisas que não podem faltar em rodoviárias de interior.

Fumava um cigarro e conversava com um velho senhor, que por sinal sabia agradar com uma boa conversa, foi então que por um momento que olhava os carros trafegarem vi um rosto que me chamou a atenção, um rosto feminino. “Nossa, que linda!”, tinha pensado comigo mesmo, antes mesmo de terminar meu pensamento fui pego de surpresa por um sorriso que recebi dela. Na hora congelou minha espinha, fazia certo tempo que não sentia nada parecido, então se foi do mesmo jeito que apareceu. Tinha sido pego de surpresa, ao parecer fui nocauteado por um gesto tão singelo.

Olhei para o relógio empoeirado da rodoviária, olhei para o chão de paralelepípedo, para o ônibus que chegava e para o senhor que conversava comigo, suspirei alto, cocei o queixo e tirei o óculos escuro para dar uma limpada.

- Desculpa senhor, não ouvi a última parte que o senhor disse.

Não foi nada demais, nenhuma história impressionante, e nada que nunca tenha acontecido, mas tinha aprendido uma nova lição. Tinha esquecido de como gosto de me contentar com pouco.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Constante do imaginário

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Quanto tempo mais você disponibiliza para saber quem realmente é? Vivo entre 1 minuto e 24 horas desde quando eu coloco os pés no chão, sabendo dos riscos que me trazem as mãos sem tantas habilidades assim. Sorrio quando posso e choro quando quero, sendo aquelas que me trazem esperanças ou mesmo decepções. As pessoas me trazem histórias e os livros conhecimento, mas não são as pessoas que escrevem os livros?

Sigo em cada canto entre asfalto e terra, entre o glamour e a miséria. Possuo tal habilidade de me comportar em norma culta assim como sei entreter aquele que possui um diálogo simples. Das belezas cridas do concreto até as mais belas naturais de madeira ainda quero ver. O amanhã nunca é bastante quando o tempo se torna constante para aqueles que prezam a beleza interior. A manhã sim possui lá suas vaidades, acorda quem precisa e ilumina o caminho de quem necessita, e a noite faz adormecer aquele que sonha com o dia seguinte.

Escuto baixinho os sonhos de cada um, entre ambiciosos e os mais modestos, os egoístas e aqueles generosos, o maldoso e o bondoso. Nada como passar nossa vida sobre o afeto e o desprezo, é algo inevitável sobre nosso tempo constante que corre sem nenhum descanso. Faça das sementes o fruto do amanhã e da esperança um sonho realizado. Sabe quem sou? Sou um entre tantos que acredita, e você? Já sabe quem é?

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Valores


É engraçado como conseguimos desenvolver características que são excelentes em decepcionar algumas pessoas que dormem sozinhas no quarto ao lado. Palavras, gestos e atitudes impensadas que fazem nossos parceiros esquecerem quem realmente somos e pararem para analisar em que momento de suas vidas penetraram as fortalezas do erro.

Foi triste quando fiz aqueles que amava chorarem, mas foi ainda pior quando minhas lágrimas caíram por culpa de outra pessoa.

Tento olhar o mundo de uma outra forma e cada vez fico mais convencido de que não temos mais esperanças.  Nossos desejos já não valem nada, exatamente como aquela ferida sangrando na pata dianteira esquerda do frágil cão abandonado.  Quando foi que o ser humano passou a ser tão insensível?

Pais, mães, irmãos, irmãs, avós e tios. Esse tipo de vida já não importa mais.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Nobres vagabundos

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Ainda não me esqueci daqueles momentos que ficávamos de bobeira na rua com chinelos nos pés, sentados sobre o morro de terra e encostados sobre o poste de madeira. Pintávamos os quadros da vida, cada um com sua tonalidade e sentimento. Personalidades diferentes unidos pela amizade sincera criada ao longo dos anos. O uso do material não era necessário quando pensávamos que tínhamos o mundo para nós, tudo isso a um passo da calçada. Pequenos pés que corriam para serem felizes.

O tempo toma conta de enterrar o passado, mas ainda não possui tal habilidade de apagar as lembranças. Nobres vagabundos da poesia do amanhã. Garotos viram homens e pedras viram pó, ao som das garrafas de plástico que corria em meio a tantos pés cheios de alegria. Cada um em seu canto olha para trás sobre os ombros e sorri.

Sim, ali deixamos histórias que se tornaram lembranças agradáveis, não só para nós como para quem passou nas nossas vidas. Éramos reis de um império extenso, naquela época nunca pareceu tão grandiosa nossa rua de terra. A vida encarregou de colocar responsabilidades sobre nossas cabeças, mas juntos sempre lembraremos que somos os nobres vagabundos.


Dedicado à mulecada (hoje homens!) da Vila Petrópolis e região.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Contato

Impaciente, resolvi dar uma volta de bicicleta pelos arredores. O calor chegava a ser um tanto que incômodo, ainda por cima tinha a ajuda da terra vermelha e batida que passava por baixo da minha roda. Pensativo e sozinho dispunha de bastante tempo para debater comigo mesmo tantas idéias mal resolvidas. Cada pedalada ia me afastando pouco a pouco da civilização e ganhando o silêncio da natureza. Enfim, estávamos eu e ela. Eu um tanto destrutivo e ela toda poderosa. Desci e sentei-me rente a montanha e suas árvores. “Estava precisando de um pouco disso!”, havia pensado comigo mesmo.

Refleti sobre momentos bons e ruins, em meio a tanto stress do cotidiano sempre conseguia lembrar-me das coisas boas. Pensei nas pessoas que valiam à pena e nas que mereciam talvez uma segunda chance. O tempo amolece a gente, deixa mais vulnerável em certos aspectos que a gente nem percebe. Precisava mudar alguma coisa, mas não fazia idéia do que era. Seria o cabelo, uma roupa diferente, uma tatuagem nova?

Alguém próximo talvez estivesse precisando de mim? Não hesitei em ligar para uma amiga. Algumas coisas ruins andaram acontecendo com ela. Falei algumas palavras positivas e pude perceber que quando demorava a responder é que estava ocupada soltando um singelo sorriso, a conhecia bem. A vida é uma matéria a ser estudado com afinco, e você só aprende quando sai da teoria para a prática.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Toca discos


Uma única palavra poderia me fazer lembrar tudo o que eu sempre quis. Mais um dia. Mais uma noite. E mais uma chance para parar pra pensar no que realmente importa. Seria muito bom ter asas e aproveitar a chance de voar ao menos uma vez.

Existem coisas que realmente não queria saber. Sempre me disseram que há males que vem para o bem, mas no momento não consigo encarar de frente essa teoria. Quero acreditar que esse não é o momento certo. Isso acaba fazendo com que os anjos não venham para me desejar uma boa noite de sono.

Deitado em minha cama, observo as luzes dos carros que deslizam pelo teto em um momento de reflexão único que já se tornou comum faz algum tempo. Ligo o toca-discos. A agulha risca o vinil e a trilha sonora de meus pensamentos me carrega em uma viagem emocionante entre os singelos acordes de piano. Seria difícil escolher apenas uma canção para que conseguissem finalmente me entender. É muito triste lembrar que existem pessoas surdas pelo mundo.

Aos poucos o sono vem, mas gostaria de acordar e descobrir que o que não queria saber, na verdade, não aconteceu. Talvez um dia tudo mude. Nunca se sabe. Vou deixar o disco tocar, pode ser que exista uma música melhor do outro lado.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Passagem


Talvez tenha exagerado um pouco nos últimos dias. Fazia tempo que não passava por isso e algumas lembranças não me vem mais a memória. Tudo bem. Já está chegando a hora de voltar ao mundo real. Sinceramente, não gostaria.

O beija-flor que sobrevoa minha janela em algumas manhãs sabe muito bem do que estou falando. Algumas experiências mudaram minhas visões sobre alguns conceitos que eu havia formado e, dependendo de nosso estado, percebi que certas atitudes do mundo começam a fazer sentido.

Essa passagem de ano foi um pouco diferente. Quanto mais o tempo passa, tudo parece ficar mais difícil. Gostaria de ter manipulado minhas peças de uma forma diferente. O jogo ainda está no começo, mas é agora que as jogadas irão se definir e mostrar qual o caminho me sobrou seguir. A verdade é que preciso dar mais uma chance ao tempo.