sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Algumas voltas a mais pelo quarteirão

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Conversando com um amigo, pensava nas possibilidades que teria para o próximo ano. Não eram muitas, mas as imaginava infinitas. Garrafas de cerveja ao meu lado esquerdo e o copo sempre cheio a direita. A cada gole, trocava-o de lugar. Faço isso sempre. Não sei o por que, mas é um ritual que pratico com afinco.

Um foco de luz vinha da rua. Era o único poste da avenida com iluminação. Parado, olhando em sua direção, comecei a lembrar das pessoas importantes que passaram pela minha vida. Algumas bastante especiais e que, sem alguma razão concreta, acabei perdendo contato. O dia-a-dia e os “compromissos” que julgava serem essenciais me fizeram deixar verdadeiros amigos para depois. Por que o ser humano é assim? Algumas vezes tento, mas mudar o mundo parece ser uma tarefa impossível.

A luz do poste iluminava meus pensamentos e voltei para casa decidido a rever ótimas companhias. As ruas vazias da madrugada nunca foram tão boas para dirigir. A música tocava no último volume. Black Crowes nunca havia soado tão bem. Uma viagem de cinco minutos se transformou em vinte. Passei diversas vezes na frente de minha casa, mas continuei a dar voltas e voltas no quarteirão apenas para continuar ouvindo. Quando o último acorde tocou, abri o portão e desliguei o rádio.

Meu cachorro me esperava. Estava feliz e retribui sua alegria com carinhos. O volume alto havia afetado minha audição por um breve momento. Não ouvia mais nada. Sentei-me. Eu e o cão em uma casinha de cachorro. Fiquei lá por mais alguns minutos apreciando a beleza das noites de verão.

O sono me pegou de surpresa, então resolvi entrar. Despedi-me de meu escudeiro e subi, com cuidado, as escadas. Sozinho, dava-me conta de que era prazeroso viver.

Um comentário:

Carlos Gouveia disse...

Do caralho velho... Muito bom mesmo