sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Sendo você sua própria companhia

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Esfreguei os olhos e olhei a rua. Eram 00h53 da madrugada e o cansaço aos poucos ganhava mais força. No alto do prédio tinha a visão privilegiada da rua, mas nada de interessante para ser visto. Era de estranhar-se com tal calmaria em uma avenida de grande movimento. Estava começando a gostar um pouco do momento. Música soava baixo, mas o suficiente para ouvir cada nota tocada.

O vento entrou pela janela e saudou todo o ambiente. Eu tinha a madrugada para mim. Lá embaixo tinha a rua vazia, silenciosa, atrativa e perigosa. Tinha lá um pequeno acumulo de água na parte malfeita da sarjeta e um ou dois gatos desconfiados vagando pela rua. Gatos. Pequenos malandros vagabundos e seus rabos a rondar pelas desertas ruas na madrugada. Sabem como viver. Um ano vai e o outro começa e para mim sempre a mesma coisa. Todo dia tenho que levantar-me e lavar o rosto, entrando ano ou saindo ano. Ganhei sorrisos aos montes e tristezas aos poucos.

No meio de tantas questões levantadas e somente algumas respondidas. 52 semanas de alegrias e decepções, de sucessos e fracassos. Por um momento peguei-me em um ato de curiosidade e olhei para prédio na frente. Um único cômodo permanecia acesso no meio de tantos apagados, e era ele um quarto. Quem será que se encontra a essa hora na madrugada de um pós-natal? E estará fazendo o quê? Perguntas, assim como tantas outras, que dificilmente serão respondidas.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Algumas voltas a mais pelo quarteirão

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Conversando com um amigo, pensava nas possibilidades que teria para o próximo ano. Não eram muitas, mas as imaginava infinitas. Garrafas de cerveja ao meu lado esquerdo e o copo sempre cheio a direita. A cada gole, trocava-o de lugar. Faço isso sempre. Não sei o por que, mas é um ritual que pratico com afinco.

Um foco de luz vinha da rua. Era o único poste da avenida com iluminação. Parado, olhando em sua direção, comecei a lembrar das pessoas importantes que passaram pela minha vida. Algumas bastante especiais e que, sem alguma razão concreta, acabei perdendo contato. O dia-a-dia e os “compromissos” que julgava serem essenciais me fizeram deixar verdadeiros amigos para depois. Por que o ser humano é assim? Algumas vezes tento, mas mudar o mundo parece ser uma tarefa impossível.

A luz do poste iluminava meus pensamentos e voltei para casa decidido a rever ótimas companhias. As ruas vazias da madrugada nunca foram tão boas para dirigir. A música tocava no último volume. Black Crowes nunca havia soado tão bem. Uma viagem de cinco minutos se transformou em vinte. Passei diversas vezes na frente de minha casa, mas continuei a dar voltas e voltas no quarteirão apenas para continuar ouvindo. Quando o último acorde tocou, abri o portão e desliguei o rádio.

Meu cachorro me esperava. Estava feliz e retribui sua alegria com carinhos. O volume alto havia afetado minha audição por um breve momento. Não ouvia mais nada. Sentei-me. Eu e o cão em uma casinha de cachorro. Fiquei lá por mais alguns minutos apreciando a beleza das noites de verão.

O sono me pegou de surpresa, então resolvi entrar. Despedi-me de meu escudeiro e subi, com cuidado, as escadas. Sozinho, dava-me conta de que era prazeroso viver.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Conselhos matutinos

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[...] “Para os erros alheios temos os olhos de um lince, para os próprios, os olhos de uma topeira.”

Tinha lido essa frase em algum livro. Suspirava o tempo todo seguido de algumas passadas de mão pelo cabelo. Tenho sonhos como qualquer um tem, sendo bons ou ruins as pessoas vivem pelos seus sonhos. O trabalho agrada meu lado consumista, nada mais. Uma vez ou outra acordo achando que sou uma pessoa, e no outro acordo pensando que sou outra.

Ficava horas questionando minha própria pessoa para saber onde me enquadrava. Que tipo de pessoas se parecem comigo, que tipo de lugares eu gosto de freqüentar e que assunto sou capacitado a conversar. Para os pobres eu pareço rico, para os ricos não passo de um pobre. De um jeito ou de outro sempre é difícil, ás vezes demora, mas acaba acostumando com tal realidade. Não podemos simplesmente planejar o futuro pelo passado. O tempo enobrece minha alma enquanto destrói meu corpo.

Relembro de um pequeno trecho de Machado de Assis que dizia assim:

“Matamos o tempo – o tempo nos enterra”

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Conselhos noturnos

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Não são muitas às vezes em que consigo sentir que o dever foi cumprido após uma grande noite regada a álcool e diversão. Inúmeras foram elas na quais cheguei em casa de mãos abanando. Os tempos hoje mudaram.

Quando era garoto, o ócio não me preocupava tanto assim. Nem mesmo um pouco. Mas hoje sei que deixei de correr atrás de muita coisa. E no momento em que fiquei encurralado, sem ter por onde correr, o sucesso me apertou as mãos com força e sussurrou ao meu ouvido:

“Acredite! Nunca deixe de acreditar!”

Levantei-me sem utilizar as mãos. Tinha forças novamente. O que raramente acontecia, passou a estar cada vez mais presente em minha vida boêmia.

Agrada-me voltar ao lar com um belo sorriso no rosto. Mas não é sempre que acordo e continuo a andar pelo caminho no qual parei na noite anterior. Geralmente sigo na direção oposta e paro em frente ao ponto de partida mais uma vez.

Algumas companhias são boas somente por algumas horas. Em muitos casos, nem isso. É engraçado que podemos ser íntimos sem que nunca tivéssemos trocado uma frase sequer e que podemos nos deixar levar por um desejo carnal que, como homens, não conseguimos controlar.

Essa nova postura tem me rendido bons frutos, alguns podres é claro, mas é só ter atenção na hora de selecioná-los.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Embriagado de Tanta Estupidez

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Parou e pronunciou para mim algumas grosseiras palavras. Tinha ela tudo e a mim nada sobrou. Um diálogo sem fundamento, parecendo que queria tirar-me algo que simplesmente não possuía. Tentei justamente lhe dizer, mas meu esforço foi em vão. Alguns amigos andavam ofendendo uma parte de minha pessoa, suas brincadeiras com fundo de verdade estava deixando eu adoentado por dentro. Ás vezes não é necessário pedir para pararem, tem que vir da consciência alheia saber o limite de cada palavra pronunciada. Age com a boca e não trabalha com o cérebro, se as duas coisas não trabalharem em conjunto pouco resta a ser tirado de cada frase dita.


Questione minha vida e lhe ouvirei, mas interfira nela que serei obrigado a usar muito mais que palavras. Infelizmente não posso nem dizer que tenho dó, pois está somente perdendo a vida dela para vigiar a minha. Falar é confortável quando não se precisa agir, e como a grande maioria parece que estão sempre dispostos a serem gentis demais quando o assunto é solidariedade. Depois me culpam por eu ser desconfiado demais, estranho é achar que não devo ser. A vida ganha um brilho quando você aprende a olhar o quê os outros ainda não enxergam. É como você tentar pegar uma moeda sem utilizar o polegar.

domingo, 30 de novembro de 2008

Conversando com os anjos

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Algumas vezes imagino se ela poderia mesmo conversar com os anjos. Bastaria apenas um olhar para que todos eles se apaixonassem. Um suave gesto e tudo ficaria bem. Daria minha vida para experimentar o seu amor por um segundo que fosse.

Poderia dizer o quão incrível é observar-te ao longe e ver que todos estão felizes a sua volta e como é especial cada momento passado ao seu lado, pois ainda me faltariam palavras para descrever o quanto Deus foi cuidadoso ao te conceber. Gostaria de guardar os elogios e fingir que nada é diferente quando você está por perto, mas seria um pecado esquecer que algo tão lindo passou por aqui.

Um pequeno milagre acontece cada vez que você sorri. Seria maravilhoso adormecer ouvindo sua tocante voz. Tenho certeza que o mundo pararia para te ver chorar. Quando olho para o céu, eu sei que existe uma estrela com o seu nome.

Culpei-me por, uma única vez, ter esquecido seu rosto, mas assim que sonhei tive o prazer de lembrar que nunca mais seria o mesmo sem a sua companhia.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Em um querido lugar

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Uma hora e meia de viagem até os confins de uma das maiores cidades do mundo. Enfrentando a poluição, o tráfego e o interminável caos por um encontro que nem mesmo era meu. Buracos infinitos e uma mediocridade visual que não via há tempos. Um ritual que não estava em meus planos, mas que fui obrigado a fazer por lealdade e compreensão diante daqueles que sempre me quiseram bem.

Um mausoléu no meio do nada que abrigava as mais frágeis e inconsoláveis almas. De rostos machucados pelo tempo e com os corpos exaustos por tanta luta e dor. Em uma fila fatídica, não cessavam de chegar. Apesar do medo e da angústia, abrigavam uma fé que, para nós leigos, era incompreensível.

De um lado a dor, o sofrimento e a fé em busca de uma nova vida, de um sonho e de uma chave que lhes abrisse as portas para a estrada da felicidade. Do outro, um homem tentando lhes ensinar o verdadeiro caminho em troca de alguns sacrifícios impossíveis e demasiado injustos para pessoas naquela miserável situação.

Em meio a tudo aquilo, não soube em qual lado me apoiar e simplesmente me perdi em uma leva de pensamentos solitários que me guiaram a imagem de uma só pessoa em um querido lugar no lado esquerdo do peito.


terça-feira, 18 de novembro de 2008

Ao som da estrada

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Ganhava a estrada ao som de Jet. Descíamos e subíamos a estrada repleta de montanhas pelos dois lados. Fazia tempo que não me afogava plenamente em paisagens um tanto que naturais. Lá havia muito mais que árvores, grama, pedras e alguns bois espalhados pelo pasto. Tinha a calmaria de que vinha buscando há algum tempo. Não tinha pessoas com seus veículos babando de raiva tentando passar por cima de qualquer coisa pra chegar desesperadamente ao seu medíocre trabalho. Tínhamos a música e nossos sonhos. Nossos gostos e desejos. Não era nada demais.

Simplesmente estávamos ali. Nós estávamos ali. Parei de pensar por um instante. Queria somente ficar calado por algum tempo. A chuva de pensamentos me pegou desprevenido. Futuro, tranqüilidade, relacionamento, sexo, amores, decepções, esperança, desapegos, amizades, música. De repente me deparo com uma realidade distante da quê muitos tinham escrito para mim. Achei fantástico. Além de surpreender á mim mesmo ainda fazia as pessoas acreditarem que realmente me conhecem. A janela da minha alma era escura demais para ver através de meus olhos negros.

domingo, 16 de novembro de 2008

Se vem ou se vai

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Queria ter o poder de dizer somente a verdade, de não temer o imprevisível e não ter medo de arriscar o impossível. Não fugir dos pecados e combater o silêncio que assola o meu interior. De não me abater com a tristeza mesmo percebendo que a garota dos seus sonhos não tem olhos para você.

Ninguém nesse mundo quer estar sozinho, mas hoje em dia não é fácil encontrarmos o companheiro ideal. Não estou dizendo que seja difícil encontrar alguém, mas aqueles que valem realmente a pena de se estar ao lado demoram muito a transparecer a nossa volta. Buscamos tanto a perfeição alheia, que nos esquecemos de observar o que realmente importa.

Nunca fui um cowboy da meia noite, muito menos um galã perfeito e incontestável. Ainda assim tive a chance de experimentar emoções que muitos nunca tiveram a oportunidade de sentir. Inúmeras vezes o medo do fracasso me impediu de conquistar diversas mulheres. Gostaria de dizer que sou um conquistador nato, mas infelizmente não posso, contudo, a longo prazo, algumas vezes, acabou funcionando bem. Pergunto-me se deveria ter sido mais corajoso.

Por mais que nossos instintos busquem, por alguns instantes, as mais belas, populares e perfeitas mulheres, são as pequenas coisas que conseguem me tirar fora do ar. O discreto sorriso, a delicada forma para dizer pequenas palavras cordiais e o único e sensível gesto que faz o mundo parar de girar para contemplar o magnífico modo como arruma os delicados fios de cabelo que lhe cobrem o lindo rosto.

Gostaria de saber o que devo fazer?

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Dúvidas


Somente a ira distrai o medo dos desesperados. Nem todos possuem a mesma sorte e os excessos da vida tranqüilizam a instabilidade emocional de cada um. Por maior que seja a verdade, estamos sempre fugindo por atalhos vazios. As grandes tragédias sempre mobilizam o povo e o povo se culpa pelas tragédias da sociedade.

Há uma enorme dúvida em assinarmos a culpa em nosso próprio nome. Não é fácil desistir de tudo e seguir em frente! É necessária uma grande batalha contra si mesmo para se dar conta da inútil realidade.

Algumas vezes temos medo de sair para ver o mundo quando tudo não ocorre como o planejado e percebemos que nada vale tão a pena assim, que o esforço máximo não foi recompensado e que tudo aquilo em que você sempre acreditou não passou de uma reles mentira.

Tudo possui um significado diferente quando temos no que acreditar.

domingo, 9 de novembro de 2008

Sai pela porta e entrei pela janela

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Tinha decidido tomar uma cerveja. Sozinho, novamente, experimentei ouvir um pouco de meus pensamentos. Eles falavam que eu precisaria trocar minhas calças talvez, pois eu estava usando ela já fazia uma semana para ir trabalhar. Estava garoando, mas mesmo assim arrisquei acender um cigarro sabendo da probabilidade dele não permanecer aceso. Tive sorte, coisa rara, e ele assim permaneceu. Sentei e então fiz meu pedido, como se fosse necessário dizer o que desejava. Erguendo o copo comecei a fuçar no meu velho celular. Comecei pela lista, e estava fazendo uma conta de quantos valiam à pena. Não muitos.

Tinha avistado um número que não lembrava mais que existia. Era de uma garota que gostava de mim, não lembrava muita coisa com exceção de seu apelido, mogli. Naquele momento me lembrei que ainda tinha pessoas com menos sorte que eu. Uma vez dito que quem nasce para burro nunca chega a cavalo. E passam a vida inteira tentando provar que isso não interfere em nada. Poucos conseguem. O gato come o pássaro por conveniência, e não porque precisa para sobreviver. Igual os gatos as pessoas tem que demarcar território.


E assim segue a cadeia do forte para o mais fraco. Acho que demorei, mas havia tomado a lição corretamente com respeito á todos. Mas ainda havia muitas pessoas que não enxergam. Estão ocupados demais assistindo televisão. Depois de ter apreciado minha bebida, ter tido uma pequena revolta com meu mundo decidi que era hora de voltar para casa e sociabilizar com alguém. Voltando então me preparei para cuspir no chão, assim como todo bom homem, mas executei a tarefa muito mal. Droga, tinha caído bem no meu peito. Tinha esquecido por um momento que minha sorte já tinha sido válida no cigarro.

Lágrimas do tempo

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Isolado no meio de todos, o pequeno garoto se perguntava por que sua presença nunca era necessária. Escrevendo sobre os inexplicáveis acontecimentos da vida, o pequeno garoto se lamentava pela rejeição sempre ter bloqueado seu caminho e o impedido de seguir em frente. E compondo o que sentia, o pequeno garoto não entendia porque a compreensão do mundo não era capaz de enxergar a emoção que guiava as notas do seu coração.

Aquele pequeno garoto se transformou em homem. Como uma muralha, não mais sentiu a chuva de ásperas palavras e o suspiro amargo de cada manhã. As nuvens negras e o crepúsculo eterno se tornaram companheiros inseparáveis e a neblina que se erguia no final do gelado entardecer se tornou, durante muitos anos, sua única e verdadeira amiga.

O homem maduro, por mais que tentasse, não pode conter o tempo e contra sua vontade, transformou-se em velho. Sua força e coragem esvaíram-se e, até mesmo, a saúde o havia abandonado. Sem ter por onde fugir e como lutar, pela última vez em sua eterna solidão, teve a chance de olhar fundo nas entranhas de sua orgulhosa alma. Quando a última lágrima escorreu por seu envelhecido rosto, deu-se conta de que nunca havia deixado de ser uma inocente criança.

sábado, 8 de novembro de 2008

Andei conversando...

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Andei conversando um pouco com a senhora solidão. Tinha ela me dito que éramos bons companheiros. Ri da sua cara. Faltava um pouco de mim naquela hora. Talvez aquela iniciativa tivesse trazido frutos agora. O vento batia e eu ainda permanecia imune, imóvel. Tinha trocado comida por bebida. Meu corpo andava suspeitando que a mente planejasse algo contra ele. Era muito mais que se imaginava.

Uma coisa interna, que chegava a ser agressiva, incontrolável. Estava sentindo um gosto amargo no meio do doce. Então arrisquei ler algo no jornal, por ironia abri no horóscopo. Detestava o horóscopo. Dizia algumas coisas sobre planetas e seus satélites naturais. Algo sobre um tal de clima astral. Eu entendo de horóscopo com entendo do índice Dow Jones.

Dizia coisas agradáveis que, por um momento, me fazia chegar a acreditar. A coisa toda embaralhava sua mente como cartas de baralho. No amor dizia instabilidade, rupturas, percepções, romance, estranhamentos. Dobrei o jornal e recorri para alguma música. Onde nós paramos mesmo, senhora solidão?

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

A indescritível beleza de cada manhã

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Longos, lisos e brilhantes cabelos morenos. Um sorriso lindo e inocente de uma contente criança. A pérola negra de um olhar tocante e inesquecível. A suave voz anunciado o bom dia que acorda e excita meu coração. Essa é a indescritível beleza de cada manhã.

Desde o primeiro momento em que a vi, percebi que algo havia mudado em mim. A sensação de querer ouvir, estar perto e agradar ao próximo sem ao menos mal conhecê-lo. O sol parece estar mais quente, o céu mais azul e as poucas horas até o almoço muito mais felizes. Algumas vezes mal conversamos e apenas o fato de poder de longe enxergá-la já fazem meus dias valerem a pena.

Ainda não recuperei a coragem para tentar uma desejada aproximação ou para sonhar com um futuro inesquecível ao seu lado. O mundo precisa continuar girando do mesmo modo que precisamos deixar as coisas acontecerem por si só. Tentarei me esforçar para que o sol volte um dia a brilhar. E ao nascer de cada novo dia continuarei a apreciar a indescritível beleza de cada manhã.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Aquilo por que vivi

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Em toda a minha vida foquei meus objetivos em três opções fundamentais que formaram a minha essência como pessoa desde o momento no qual comecei a formular minhas próprias idéias e a julgar as influências do mundo como um processo de aprendizagem: a diversidade musical e busca pelo conhecimento dentro da cultura rock em geral, a diversão acima de tudo e, nos últimos momentos até então, a procura pela perfeição do amor. Interesses, pesquisas, experimentações, humor, arrependimentos e relações transformaram minha personalidade e moldaram a carcaça do ser que guia minha calorosa alma.

Por volta dos doze anos, um disco que ganharia de aniversário seria uma porta de entrada para a fascinação que o rock and roll teria sobre mim, para um mundo que não mais abandonaria. A busca por novas bandas, discos e estilos. A crítica, conhecimento, curiosidades e filosofia. A primeira guitarra, a primeira banda, a primeira música escrita. A interação com os sons que nem todos sentem, ou conseguem atingir.

Divertindo-me e aproveitando cada momento, vivi o meu segundo objetivo de vida. Conquistar a alegria e viver sem ter medo de arrependimentos, sem deixar de fazer o que me desse vontade e principalmente sem esquecer de experimentar e realizar tudo que a juventude me permite. A possibilidade de sentir a saudade do passado e não me lamentar por vazios deixados para trás.

Em diversas relações, senti e compactuei com diversas formas de amor e de paixão, que por mais desejadas, românticas e belas que fossem, me deixaram apreciar e sentir o sabor da felicidade, mas não saciaram a minha fome pelas emoções perfeitas. O sabor do primeiro beijo, o carinho do primeiro amor e a tristeza da primeira perda não me mostraram a sua verdadeira forma.

Fica cada vez mais difícil encontrar aqueles que possuem a chance de me completar, mas o ponto final ainda não foi traçado e perseguir os verdadeiros sonhos talvez se torne um bom caminho a seguir.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

No Degrau Que a Vida Passa

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Estávamos lá sentados. Bebendo por sinal. Jogando conversa mole e falando sobres mulheres. O nosso lado mais humano estava presente ali, éramos pessoas bem simples e nos contentávamos com pouco. Todo dia ele marcava no mesmo lugar quando enfim havia me revelado o motivo por ser sempre o mesmo. Mulher.


Tinha ele desabafado comigo, e sentia-me honrado com isso. Eu não era a pessoa ideal para recorrer a esses assuntos. Eu tinha corrido rápido demais para o tempo me acompanhar. Mas ele obviamente era diferente de mim e tinha suas diversas qualidades. Arrisquei algumas idéias. Dei a ele uma motivação e lhe expliquei que não havia mal algum. Mas uma hora a garota precisaria saber. Então as conversas fluíram, e eu gostava delas. Sempre sentados no mesmo lugar ela passava e acenava para ele, que retribuía a ela com o mais singelo sorriso.


Realmente estava lá pra apreciar todo esse jogo, tinha talvez um papel a ser feito de repente. Ás vezes ele falava e, por um momento, não estava escutando. Lembrava de meus momentos e entrava profundamente em minha própria mente. Nossa! Tinha perdido algum tempo da minha vida amando á si próprio e esqueci de dar valor para algumas pessoas.

Foi então que em um dia como qualquer outro recebo uma notícia, dizia ele que havia dito a real para ela. Alguns se manifestaram não acreditando que ele realmente tinha dito. Tinha me surpreendido comigo mesmo quando que para mim eu sempre tinha pensado o oposto. Agora sentava sozinho na escada de novo, em outro bairro, em outra rua.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Para termos a sorte

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Precisa-se sorte para nascer em uma boa família rica, para termos a sorte de conseguir estudar em uma escola renomada e com o ensino adequado, para termos a sorte de prestar e concorrer a uma vaga em uma excelente universidade pública ou privada na qual sua família tenha condições de mantê-lo, para termos a sorte de disputar uma vaga em um ótimo emprego e, finalmente, assim termos a sorte de conseguir alcançar uma boa qualidade de vida.

O mundo, por aqui, infelizmente funciona assim. Fora desse meio, somente os mais esforçados e altamente capazes são aptos a se auto-sacarificarem em busca de uma mínima chance para atingir a longínqua e árdua estrada do sucesso e prosperar.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Vida de Lata (Segunda Mão)

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A vida é uma comédia. E de repente todos eram grandes comediantes. Pare e repare. As pessoas são realmente engraçadas. Elas são totalmente alienadas a um sistema, um banco de informações falso que foram colocadas em suas cabeças por programas televisivos e revistas com o mais belo conteúdo.

Alguns acham que são auto-suficientes de julgarem alguma coisa, e ainda insistem somente no que vê. Mas eu não perco o prazer de me satisfazer com tamanha ignorância alheia. Pobre a história do garoto que nasceu sem talento, mas de repente se via em vantagem no meio de muitos. Podia ele enxergar a fraqueza do seres humanos.

Mas sabia ele que nem todos nascem iguais, e que muitos levariam talvez uma vida inteira para aprenderem que não são somente os olhos que fazem uma pessoa. Confesso ter rodado alguns lugares, uns interessantes , outros um pouco estranhos. Conversei com pessoas sensatas e com alguns loucos (ou talvez o louco devesse ser eu). Já ouvi milhões de historinhas furadas e conversas sem sentido.

E de repente tinha sido alvo novamente. Mostraram uma foto minha e a pessoa simplesmente ouvi “é que ele tem cara de ser legal”. Não sabia que isso era um defeito e muito menos sabia que existia uma pessoa de tão pouca idade que fosse analista de personalidade via fotografia. As pessoas realmente são engraçadas.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

A verdade por trás da máscara

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Bebemos o álcool, bebemos as pessoas, bebemos a vida. Maquiando e desenvolvendo o que acontece ao nosso redor. E por mais casual e repetitivo que tudo pareça, a ressaca nunca é a mesma.

Ressaca de álcool, ressaca de pessoas, ressaca da vida. O incrível mal causado pelo contínuo exagero. A verdade por trás da máscara nunca é revelada.

Dores de cabeça, dores no coração, dores da vida. A horrível agonia cercando a sociedade que, mesmo atravessando o limbo e o caos infinito, nunca deixa de lutar. Através dos olhos que não nos permitem ver, percebemos o quanto tudo isso é ótimo.

É ótimo beber, é ótimo conviver, é ótimo viver.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Venha Criança

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Não chore ó criança. A mão novamente agredia-lhe sem motivo algum. Pensara inúmeras vezes qual seria o mal que causará por apenas ser igual a todas as crianças.

Corra ó criança. Por enquanto não em busca de um sonho, mas sim em busca de sua inocente infância. Chegara a pensar em sorrir por um instante novamente, talvez seria um caminho de resistência da sua profunda e interna felicidade.

Não sinta ódio ó criança. Sua semente do mal não crescerá em sua terra fértil de amor e compaixão.

Não fique assusta minha pequena criança. Seu medo é a fortaleza da maldade, e a alegria de quem ri de costas para você.

Grite ó criança. E talvez sua voz ainda será ouvida por quem ainda insiste em tapar os ouvidos.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Vida de lata (Primeira mão)

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Outra vez havia tentado uma sorte grande na chamada “balada”, e havia conseguido estabelecer uma incrível marca de mais um pé no rabo. Com uma extraordinária estatística de 9/10 pés no rabo em todas as “baladas”. Acho não devia persistir no erro, o talento me faltava nesses lugares. Nunca existiu. Faltava um pouco de empenho talvez. Tava só no bar bebendo uma dose de qualquer coisa, e chega ela toda louca, olha e balança toda se esfregando em mim, falo direto em seu ouvido e ela me menospreza. Mulher nesse lugar é tudo louca das idéias. Já não sou mais um cachorro que corre atrás da bola. Tenho certa pena dos tímidos, mas são os que mais admiro pois são as pessoas que mais se esforçam. Além de se esforçarem ao máximo para convencer uma pessoa que eles tanto desejam, muita vezes com uma sinceridade excessiva, ainda tem que se convencerem de si próprio que são capazes.

O último compromisso

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Finalmente! Meus serviços estão completos! Esta caneta e declaração fazem de minha pessoa um homem totalmente livre. Basta-me somente um pouco de coragem para realizar a última tarefa. Apenas um movimento. Uma ação e tudo ficará bem. A viagem final.

– Por que é tão difícil assim? Coragem homem! Uhr! Tudo irá melhorar agora.

Após um grito, veio abaixo. Um enorme estrondo quando seu corpo rebateu ao chão. O estalo da madeira conturbava o ambiente com impacto e violência. Agora, o sangue que manchava o assoalho, mostrava-lhe que era um ser humano completo. A caneta cravada no pescoço e a alma finalmente livre.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Em uma busca eterna pela felicidade

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Mais três, sete ou quinze anos correndo atrás de algo que ainda não sei o que é. Pergunto-me, uma vez ou outra, porque é tão difícil descobrir por onde começar? Por onde seguir? Para que tentar? Talvez seja essa a graça do mundo. A incógnita que cerca cada um de nós.

Minha criatividade não anda lá essas coisas. Tem sido difícil compor. As idéias surgem, mas o feeling não acompanha o meu raciocínio. O que aconteceu com o mundo? Não vejo a luz do sol a mais de duas semanas. Apenas chuva, frio e nuvens no céu. Não é de se estranhar que não temos vontade de fazer nada ou que a taxa de suicídio tenha aumentado 40% na última semana.

Como as pessoas podem passar horas conversando sobre coisas que não possuem a mínima importância? Preciso acabar com essa revolta. Talvez um emprego me ajudaria. Mas trabalhar em um lugar qualquer, com um chefe desnecessário, colegas inúteis, puxa-sacos que nunca sorriem, ao lado de preocupações sem sentido, tendo que cumprir a meta para justificar a política da empresa que de nenhum modo afetará simbolicamente a minha vida igual a ¾ do planeta fazem ou se preocupam em fazer e se matam para continuar fazendo, me mostram que há alguma coisa muito errada com o mundo ou ainda não me enquadrei nos termos corretos da sociedade.

Há dias em que tudo parece tão idiota. Vou começar a andar pela contra-mão. Talvez chegue em algum lugar ou em lugar nenhum, mas pelo menos vou concentrar minhas forças em algo que ralmente valha a pena. Em algo que me faça feliz. Naquilo que me dê o prazer de acordar e saber que não perdi meu tempo, esforço e saúde fingindo ser quem não sou em uma busca eterna pela felicidade.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

O Pensamento Solitário de um Ouvido

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Acordei. Abri os braços e emiti algum som bizarro que somente a manhã nos proporciona. O café não estava com nenhum gosto especial, mas não estava ruim. Nem muito bom muito menos ruim, normal. Comendo me programei sem pressa alguma para os afazeres do meu dia. O jornal sempre com diversos anúncios. O rádio anunciava uma bela manhã ensolarada. Britto Jr. anunciava uma matéria sobre cachorros (cachorros?). Meu pai anunciava em meus ouvidos, algumas que verbalmente outras um tanto que físicas, que deveria tomar banho, pentear o cabelo, fazer a barba, e outras coisas que quase sempre não escuto direito. Não o culpo, muito que pelo contrário, ele tem seus reais motivos.


Levanto-me já sabendo que vou gastar metade do meu dia cobrando. Cobranças, sempre cobranças. Dívidas, livros emprestados, uma cerveja no bar e alguns favores. Ah sim, e algumas promessas de emprego também. Depois de não obter sucesso em algumas (quase sempre em todas) desço e sento na escada do prédio. Tento bolar uma piada, algo realmente engraçado para me distrair, mas só vêm em minhas idéias humor negro e palavrões.


Distraiu-me quando passa um grupo de jovens, em torno de seus quinzes anos, debatendo entre si uma besteira sem fundamento, não sabiam nem o que diziam. Besteiras cotidianas de alguém que nunca teve prazer de deitar na merda e acordar coberto por ela. Que saco, realmente eu andava em conflito comigo mesmo. Então me ergui e fui comprar um livro no sebo, pois uma vez tinha ouvido por aí que as únicas pessoas que ganham à vida parado no mesmo lugar são os goleiros.

domingo, 21 de setembro de 2008

Lembram-se?


Apaixonar-se é o que torna o ser humano vivo e lhe dá forças para que ele continue livre a voar. É uma daquelas coisas que acontecem apenas uma vez em nossos relacionamentos antes de se apagarem e esquecermos de como o inicio havia sido tão bom.

Lembram-se quando nosso estômago revirava quando percebíamos a presença da pessoa amada se aproximando? Quando perdíamos o fôlego tentando encontrar as palavras certas para dizer um simples olá? Nas inúmeras vezes que o peito parecia explodir no momento em que recebíamos um elogio ou apreciação de quem tanto nos importava? A excelente noite de sono quando chegávamos em casa logo depois que finalmente havíamos dado o incrível e inesquecível primeiro beijo e era impossível dormir com tamanha felicidade e euforia? Quando não nos importávamos em deixar tudo para trás e correr para os braços de alguém na hora que sentíamos saudades? Por mais que tentávamos pensar, a sua imagem nunca saía de nossas mentes? Onde coisas simples pareciam ser as mais importantes e atividades sem graça como assistir filmes de romance, comer pipoca ou simplesmente ouvir música dentro do carro acabavam se tornando inesquecíveis? Vocês se lembram? Realmente se lembram?

São momentos que não deveriam nunca se apagar. Gostaria de me apaixonar de novo.

sábado, 20 de setembro de 2008

Tiraram meus pensamentos!

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Como o quarto parece estar mais escuro hoje. Somente a tela do computador ilumina o quarto que estou cansado de ver. A música toca suavemente e minha pessoa observa. Deitado em um colchão devidamente posicionado no chão suspiro, penso, reflito, amaldiçôo, xingo o mundo.

De repente um fábrica de idéias se torna uma de lamentações. Tinha trocado o combustível essencial da minha criatividade por corridas na manhã. Por um momento havia reparado que me faltava um empurrão para o abismo, mas o mais chato é que de repente ninguém estava lá para dar-me um chute nas costas para cair de vez. Nem meus inimigos me incomodavam mais.

Tinha chego ao fundo do poço, mas com os dois pés bati no fundo e ganhei á superfície, agora mais esperto, com vida. Estava vivo novamente. Deitado no chão ainda respirava e se queixava. Droga. Quanto tempo ainda vai durar essa recessão.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Feminina

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Tinha-lhe falado em suas orelhas durante seis longos meses. Havia lhe dito as mais belas palavras que dispunha de meu extenso vocabulário, às vezes muito romântico, outras um tanto que safadas. Mas era cativante a maneira como ela sorria, me esforçava ao máximo para fazê-la de qualquer maneira dar um sorriso que seja. Elogiava tudo nela, tudo que se podia imaginar e não poupava quaisquer esforços.

Ainda me recordo quando ela havia pisado em um punhado de terra, simplesmente havia lhe feito um poema para expressar tamanha perfeição que era sua silhueta. Não tinha salário que conseguisse sustentar tamanha apreciação por ela. Flores eram ofuscadas pela enorme beleza de seus olhos e seus ondulados cabelos faziam minha imaginação navegar em profundos delírios. Por mais perto que tivesse de sua pessoa parecia que nunca era perto o suficiente.

Ela dançava em torno da mais bela paisagem ou simplesmente a paisagem que dançava em torno dela. Caráter forte mas com a belíssima fragilidade feminina. Graciosa ao andar ela tinha as mais longas e bonitas pernas que qualquer pintor, por mais perfeccionista que ele fosse, jamais imaginaria pintar em suas obras. Não possuía somente a sorte de ter uma beleza admirável como também era lhe atribuída uma inteligência incomparável.

Para mim o seu melhor perfume era quando não usava perfume algum. Havia muitos dias que pensava que jamais iria encontrar tal mulher, tinha sido exigentes com o passar dos anos. Tão diferentes eram suas idéias, confusas e loucas para muitos, mas para mim tinha significado. Estava ela em minha vida não para ser compreendida mas sim para ser amada.

1x3x5... & 2x4x6...

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Um belo sorriso e um jeito meigo
Acordando solitário todos os dias
Celebrando com entusiasmo o amanhecer
Recordando o quão ruim é levantar-se sozinho
Sua linda voz alterava-se quando a preguiça lhe tomava conta
Os minutos pareciam demorar mais a passar
O caminho até a porta seguia-se sempre em harmonia
Tomando o café da manhã com a simples companhia da televisão
Com roupas velhas e baratas a sua aura cativava o ambiente
O gosto do chá continuava amargo
Fazendo suas tarefas com bastante felicidade
O açúcar não mais adoçava
Todos entravam para lhe contemplar
E no meio da estrada eu tentava esquecer
Enquanto você fingia não entender
Os bons momentos passados
Quando tentavam chamar a sua atenção
E os maus momentos vividos
O retorno pra casa aguardava uma nova surpresa a cada dia
Os dias costumam ser mais longos agora
Um prato de sopa ou um novo presente
Somente baladas contemplam os meus ouvidos
A água do banho fluia mais límpida em seu corpo
Está difícil esquentar as cobertas
Dormia fácil e era impossível esquecer o cheiro do corpo
Penso muito e demoro a pegar no sono
Ao amanhecer um lindo novo dia chegará
Não sonho mais

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

O mundo nos espera

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Decepcionando-se é que se vai em frente. Palavras sábias de alguém que não é tão esperto assim. Muitas vezes penso que sou mais inteligente do que pareço e na maioria das vezes me mostro mais idiota do que deveria. Seria melhor parar para pensar antes de fazer algumas coisas. O instinto nem sempre te leva para o caminho certo.

Se quisermos vender bosta, então que sejamos os maiores vendedores de merda que o mundo já viu! Por que sempre impõem barreiras em tudo que queremos realizar? Será que a fé e o desejo não funcionam mais? Gostaria de acreditar que sim, mas para alguns a luz do fim do túnel nunca brilhará.

Não é sempre que as drogas funcionam e o álcool algumas vezes não é suficiente. Melhor escrever do que remediar. O mundo nos espera. Só precisamos criar coragem para atravessar o portão.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Compondo Histórias

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Enfim uma reflexão sentado em meio a tantas latas de cerveja. Livros abertos transmitiam para minha pessoa uma determinada segurança, como pode-se dizer, um certo conforto. Escrevia sobre tudo e todos, algumas verdades e outras nem tanto assim. Desenhava em minha mesa coisas sem muito sentido. Talvez sem sentido para os outros. Para mim significava idéias, crises, histórias, sentimentos, desabafos internos.

Cerveja tinha acabado, fui obrigado a apelar para uma dose de whisky. Na sala dava para escutar o maldito horário político, candidatos medíocres, torram minha mente. Depois de ter passado alguns minutos conversando com a tela do computador, com os cd’s, alguns lápis e o caderno, percebi que havia terminado mais um copo. Novamente mais um copo.

Pensamento tinha aos montes, voavam sobre minha cabeça como incômodos insetos em lâmpadas. Tinha cá um copo de whisky, livros, uma crise, nenhum amor. E eu ainda não conseguia terminar o blues.

domingo, 31 de agosto de 2008

Quando dei o primeiro passo

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Quando dei o primeiro passo em um novo mundo, em um outro continente, em um passado não tão remoto assim, as lembranças me corroeram a alma. Meu primo se mostrava tão feliz, e eu, claro, fingi que estava tudo bem.

Andando com o vidro do carro aberto e jogando conversa fora nos atualizamos sobre os acontecimentos recentes de nossas vidas. Os assuntos fluíam, gargalhadas animavam o ambiente e a trilha sonora me fazia esquecer de todos os problemas. Alguma coisa me dizia que os bons tempos estavam voltando.

Mantendo esse espírito a semana passou mais rápido do que se esperava. É ótimo rever os amigos! Gostaria de parar no tempo e viver a alegria para sempre. Achei que nunca fosse envelhecer, mas os anos me pegaram de surpresa. O momento da despedida havia chegado e como sempre não foi fácil, pois toda as vezes acabo deixando alguém para trás.

Quando dei o primeiro passo em um velho mundo, em um mesmo continente, em um passado não tão remoto assim, o alívio me tranqüilizou a alma. Talvez um dia você possa me salvar, afinal nós não vamos viver para sempre.

sábado, 30 de agosto de 2008

A linha tênue


Antigamente era comum ficarmos reclamando por estarmos sozinhos. Mas é melhor estar sozinho quando não se ama ninguém, porque amar e estar sozinho parece muito mais fácil quando não acontece com você.

Nunca queremos ficar longe daqueles que amamos e acabamos perdendo muito tempo enquanto esperamos os dias passarem aguardando uma simples ligação. O amor é uma linha tênue entre o ódio e a felicidade que quando acaba torna-se indiferente.

Esquecer, algumas vezes, é muito mais difícil do que tentar recordar aquilo que não lembramos mais.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Da noite para o dia

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Amanhã será um novo dia, só não pode amanhecer chovendo. Terei que fazer um esforço para sorrir pois já não agüento mais triste ficar. Uma bela caminhada pela manhã afugenta maus pensamentos. Segue-me tristeza, mas não me derrubará.
Seras vencida pelo sincero sorriso de uma criança ou por uma parte de natureza existente em meio á uma selva de pedra. Vai ter como seu aliado meu desagradável azar. Só não irá contar com o meu, o maior e mais justo de todos, o tempo. Perdera seu tempo invadindo minha pessoa pela noite, ao clarear do dia estarei revigorado apenas observando o pôr-do-sol.
Uma vez a bebida me imortalizou, mas me deu como castigo algumas lembranças ruins a serem carregadas ao longo de minha vida. Consciência anda meio pesada, essa última resseca parece que não me caiu bem. O copo cansou de ouvir tantas lamentações.

Dores de uma noite

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Desta vez já não ficava mais chateado. Descobri andando pela rua. Agora já não parecia tão silenciosa quanto antes, desta vez ela me encarava nos olhos, e eu retribuía da mesma maneira. O que antes tinha medo agora me acompanha, o que antes me observava hoje está sendo observado. Os pés incomodavam um pouco, era única coisa com qual me distraia.
Aquilo que me entristecia agora já era lembrança. Mas os pés doendo ainda significavam que eu tinha vida e não podia ficar perdendo tempo se lamentando. Ontem fazia pelas pessoas, hoje ando com minhas próprias pernas. O caminho era longo e poucos conseguem me acompanhar, tinha que acontecer, para eu mesmo poder enxergar. Paro um pouco e respiro. Eles já pararam de doer.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Notas


A cada nota um novo passo adiante é dado. E a cada novo passo um sentimento perdido é expressado. As casas e as trastes falam muito bem quando são devidamente tocadas.

Já tive muitos heróis, mas quem foi que disse que os meus heróis estão sempre certos? As seis cordas me aconselham muito melhor do que as pessoas do mundo afora. Sem dizer sequer uma palavra consigo perceber o verdadeiro significado das coisas e o motivo pelo qual estamos aqui.

Algumas notas tocam tão fundo na alma, que temos a sensação de que poderíamos morrer naquele exato momento e tudo estaria bem. O conjunto da obra determina o seu valor interior e as variações entre o amor e o ódio constroem o seu verdadeiro poder.

Ouço, vejo e produzo aquilo que me dá prazer. O esforço final traz a completa satisfação e antecipa a conquista do objetivo que tanto espero. A música está para o ser humano assim como o céu está para estrelas.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Varrer e limpar

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O chão nunca esteve tão sujo. Poeira e detritos transformam o “varrer” e “limpar” em uma tarefa um tanto quanto difícil de ser executada. O sol brilha sem medo em uma tarde quente e vazia na intenção de carbonizar meus pensamentos.

Como uma tarefa tão simples pode ser tão difícil? A cada rajada de vento minha raiva aumenta na mesma sintonia em que a sujeira se espalha por todo o quintal. Talvez três horas, quatro dias ou cinco meses sejam suficientes para que o serviço seja terminado.

Deitado e olhando para o céu consigo enxergar minha vida nos mínimos detalhes percebendo que muito dela poderia ter sido diferente e que muito tempo poderia ter sido melhor aproveitado.

Minha avó uma vez me disse que não importa o que aconteça, a vida está sempre passando, para nunca ficarmos parados e para arrumarmos algo pra fazer, pois o tempo não para e quando olhamos para trás conseguimos ver que aproveitamos os dias, pelo menos, de alguma forma útil.

Pensando bem, acho que vou dar uma saída, pois muita coisa ainda precisa ser feita. Por incrível que pareça, o tempo é curto.

Uma história para cada copo

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Ponha-me do lado de uma cerveja que lhe contarei uma história com certeza.

Coloque-me do lado de uma vodka que lhe direi uma verdade óbvia.

Ponha-me do lado de um uísque que desabafarei uma mágoa talvez triste.

Coloque-me do lado de um vinho que passarei a noite inteira refletindo.

Ponha-me ao lado de uma cachaça que tudo na vida acharei graça.

Agora adicione todos e me coloque ao lado dos meus amigos, que novamente terei um poema escrito.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Escrevendo Sonhos

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Escrever é fazer aquilo que não existe acontecer, igual aos sonhos. Tudo começa na sua cabeça vai para o papel e termina novamente em sua cabeça, tudo é um ciclo, e sempre voltara de onde veio. Se o mundo fosse perfeito não sonharíamos, pois estaríamos ocupados demais usufruindo a felicidade constantemente. Nunca vai existir sonho sem se quer ter sentido o gosto de algum pesadelo. Para ambos não temos limites.

Sonha em criar algo, mudar alguma coisa, diferenciar-se em algum assunto, então comece por você mesmo. Fazer frases é fácil, o difícil é saber usá-las. Jamais seremos impedidos de sonhar ou escrever, cada um escreve o que quer, e lê o que gosta. Escrever pode realmente ser considerado um sonho, não é uma regra, mas sim uma verdade a ser tirada. Não há um dia que eu não sonhe e não acorde, como também não há um dia que eu não escreva e durma.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

As folhas caem, o vento sopra e a vida continua

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Algumas vezes a vida prega peças das quais as pessoas não esperam, invadindo a memória tentando encontrar o lugar onde cometemos o erro. O vazio toma conta dos sentidos e a alma vaga sem direção atrás de respostas que não existem.

O passado vira presente, o futuro se torna fracasso e o tempo desiste de continuar andando.

As gotas da chuva caem como bombas a cada segundo ao mesmo tempo em que a voz do momento nos deixa cego enquanto tentamos alcançar o infinito. As surpresas do dia a dia já não são tão especiais assim e coisas que não eram tão interessantes agora começam a ter um sentido diferente.

Os sentimentos vão e voltam sem aviso nas horas em que mais precisamos de alguém ao nosso lado, mas não importa o quanto eles mudem, os nossos pensamentos continuam sempre sintonizados no mesmo canal.

O tempo é uma arma ao nosso favor que parece estar do lado inimigo. Com a mente podemos fazer do impossível uma brincadeira casual e não importa o quanto você se esforce, algumas leis nunca mudarão.

As folhas caem, o vento sopra e a vida continua.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Insônia



Escuto uma certa movimentação vindo de fora da janela. Um determinado conjunto de vozes atrapalha minha leitura. 1:12 da manhã não é bem um horário normal para esse tipo de vozes em uma terça-feira. Vagabundos à cantar, não importava se eram afinados, o que era válido no momento era a poesia de uma musica alegre, com tom de amargura. Apoio-me sobre a janela, as vozes agora se tornam risadas. Por um breve momento confesso sentir uma ponta de inveja, eles lá e eu cá, eles bêbados e eu sóbrio.

Um grupo estrategicamente bem distribuído, dois homens e duas mulheres. Jovens, aqui de cima podia-se reparar que eram mais novos que eu. Estavam retirando-se quando uma das garotas me acena e se apresenta, pegou-me de surpresa, não esperava tal atitude.

Demorou mas a reação veio, com um tímido balançar de minhas mãos retribui sua singela atitude. Virou-se e foi embora cantarolando. Sorri, acendi um cigarro. Droga, nem fumo mais.

Verdade



O amor faz com que lhe entregue meu coração, mas a traição faz com que fique sem para lhe perdoar.

domingo, 10 de agosto de 2008

Calçando os chinelos do papai

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Meus pequenos pés corriam pela casa no chão gelado, sobre broncas de preocupações, ainda mais nos tempos que a descoberta era prioridade fundamental. O chão para mim nunca era gelado, apenas os mais velhos sentiam isso. Continuava a correr e correr sem preocupação com quaisquer problemas, eu simplesmente não tinha problemas. No entanto ainda insistia em me dizer que o problema era o chão gelado, tudo bem, depois de tanto insistir, devia ele estar com alguma razão. Meus chinelos quase nunca eu os encontrava, mas lá estava sempre o chinelo do papai. Aquilo para mim significava muito mais que o chinelo dele, era algo grandioso, algo significativo, era o chinelo de papai.


Sua voz sempre ecoava pela casa a procura de seus chinelos, mas ele sabia que era mais de minha posse do que da dele. Esperava quieto uma bronca, mas sempre me vinha o sorriso para me consolar. Quando aprontava, o chinelo sempre se voltava contra mim,mas sabia que a raiva passando iria calçá-los novamente. As viagens era sempre a parte mais triste, você ia viajar e levava sempre eles.


Mas me conforta lembrar que quando acordava e via eles lá, sabia que você tinha retornado, aí era só correr para o abraço. Alegro-me em saber que seus chinelos eram muito mais do que simples chinelos, era para mim a sua maneira de me educar, era sua disciplina, seu modo de nos ensinar à não cometer erros. Podem julgar seus métodos, mas se não fosse por eles não seria metade da pessoa que sou hoje. Eu só tenho a agradecer por tudo, e mais uma vez obrigado por me deixar calçar seus chinelos.

Feliz dia dos pais/ Trate bem suas crianças

Girando moedas

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O futuro é resumido a um objeto, uma moeda. A moeda é um objeto significativo, como cartas de baralho, como sua vida. Colocamos sempre na mão de alguém, vai passar por diversos lugares e por pessoas diferentes, mas nunca poderemos saber onde realmente vai parar, que fim irá levar realmente. A moeda representa sua vida. Os dois lados dela representam seu equilíbrio, seu caráter, sua personalidade. Assim como os dois lados você terá também sempre duas escolhas na vida sempre que se deparar com algum problema. Igual ao mundo a moeda também gira. Por isso que poucos fazem à diferença, poucos lutam para fazerem sua moeda girar diferentes de outras, e muitos nem se preocupam no modo de girar dos outros, preferem realmente só se ocuparem com si própria.Uma força para uma moeda alheia não lhe custará nada mais além do que mais força para sua girar. Todos nascem como uma moeda, mas são poucas que se destacam no meio de tantas outras.

sábado, 9 de agosto de 2008

Se fosse possível

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Se fosse possível mudar o tempo
Com toda certeza nos encontraríamos muito mais vezes
Se fosse possível transformar a forma como vivemos
Nunca mais ficaríamos cansados
Se fosse possível controlar os sentimentos
A tristeza nunca chegaria
Se fosse possível mudar o clima
A primavera reinaria e o sol sempre brilharia ao seu lado
Se fosse possível igualar todas as diferenças
O passado não nos incomodaria mais
Se fosse possível materializar os pensamentos
O mundo a sua volta seria muito mais rico
Se fosse possível mostrar ao mundo tudo o que realmente importa
Todos veriam o quanto você é bela

Seria simples e fácil realizar apenas o que nos torna felizes
Os objetivos muitas vezes terminam solitários, mas os sonhos sempre continuam

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Pequeno aprendizado

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- Você está acordado?
- Hum...acho que sim.
- Tome cuidado pra você não se assustar com o barulho.
- Mas quê barulho?
- Ouviu só, o trovão já caiu, ainda bem que te avisei.
- Obrigado, poderia ter me assustado.
- Por que você anda com insônia?
- Não faço idéia.
- Tem sido ruins as coisas ultimamente?
- Acho que sim.
- Parou pra pensar nos seus problemas?
- A cada cinco minutos no tempo que estou acordado.
- É complicado devo imaginar.
- Não, acho que você não imagina não.
- Talvez sim. Parece pálido, está passando mal?
- Tenho tido constantes dores de barriga ultimamente.
- E como andam seus relacionamentos?
- Qual relacionamento? Nunca tive sequer algum.
- Você acredita no amor?
- Uma vez pensei em estar apaixonado, mas estou pagando por esse erro até hoje.
- Você acha justas as pessoas serem tão cruéis com alguém que às amam?
- Acho sim, essas pessoas não tem culpa pela falsa ilusão de outras.
- Você não era uma pessoa que pensava dessa maneira, estou certo?
- Felizmente aprendi a controlar minhas emoções.
- E faz de sua defesa os erros alheios?
- Só aprendi tirar proveito das palavras mal pronunciadas.
- E você se acha melhor que os outros?
- Imagina, só sei ver os erros e não corrigi-los.
- Você anda engordando.
- Na semana que vem vou tentar uma dieta.
- Mas para isso tem que parar de beber também.
- Então acho que vou adiar mais um mês.
- Vai parar de andar sozinho também?
- Dificilmente, mas prometo tentar.
- Tenha mais um pouco de paciência, você está precisando. E tenho mais um recado para você.
- Pode falar.
- Lá fora por enquanto não tem um pra te ajudar, mas tem dez pra te atrasar, todo cuidado é pouco.
- Esse sempre foi meu lema.
- Naturalmente.
- Ultimamente me sinto inseguro em lugares fúteis.
- Isso é o quê completa todo o conjunto da obra.
- Então quer dizer que tenho que passar por isso.
- Claro, senão que trabalho seria perfeito sem que se cometesse nenhum erro.
- Quer dizer que tudo na vida deve ser contestado?
- Eu digo que sim, por mais satisfeito que esteja, é o simples fato de olhar para dentro de si mesmo.
- Entendo perfeitamente.
- Estou confundindo demais uma cabeça que já anda confusa demais.
- Tudo bem, refletindo ou desabafando é que se organiza uma cabeça confusa.
- Acredita nos seus sonhos quando acorda?
- Acredito que tem sempre uma mensagem a ser tirada de cada um, só nunca paramos para entendermos.
- Consegue levantar-se e tentar não criticar nada?
- Tentarei.
- Então acho que já pode acordar.

sábado, 2 de agosto de 2008

Um dia nublado

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Há dias na vida que acordamos e nos parece que nossos sonhos nunca irão se realizar. Quando o sol simplesmente não nasceu para nós em um dia nublado e chuvoso. Até mesmo o pijama mais velho não está confortável já faz algum tempo.

Possivelmente o meu cachorro seria o único que conseguiria explicar como estou me sentido nesse momento. E muitas vezes somente a presença dele e um violão já seriam suficientes para que eu me sentisse melhor.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

O lado positivo

Talvez uma simples ligação poderia mostrar a todos o meu verdadeiro caráter. Mas não é sempre assim que as coisas acontecem. Tudo na vida possui o seu lado bom e ruim e muitas vezes em momentos de raiva quando deixamos as emoções do momento nos dominarem acabamos decepcionando as pessoas importantes que estão ao nosso lado.

Existem pessoas e pessoas. Muitas reclamam da vida sem olhar a sua volta e não conseguem perceber o quanto estão erradas em sua concepção sobre um mundo justo e feliz. Podemos ter tudo ou nada ao mesmo tempo, por isso precisamos engolir a seco algumas coisas.

Nem todos possuem uma família amável, amigos realmente especiais, uma namorada extraordinária ou a chance de acordar todos os dias e ver que os seus maiores problemas são besteiras e nenhum deles irá atrapalhar o seu sorriso habitual. Mesmo assim ainda conheço pessoas que além de tudo isso são detentores de “bens” muito mais valiosos e conseguem estar infelizes, enquanto que alguns vivendo apenas com o calor do corpo nunca precisaram reclamar da vida.

Acredito que sendo feliz e estando bem consigo mesmo facilitamos o lado positivo das coisas e principalmente desestruturamos a geração de situações desagradáveis. Afinal estando tristes ou não os problemas não irão embora. Com um sorriso no rosto fica mais fácil encarar as coisas.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

O agora


Fixo meus pés no chão
Meus passos dizem quem eu sou
Meus olhos enxergam aquilo que meus pés exigem
Minhas mãos clareiam o que meus olhos não enxergam
O ouvido escuta o quê as mãos não tapam
Nem sempre meu paladar prova aquilo que é dado
Mas minha dor será sentida por aquele que o faz
E tudo novamente fica um passo atrás
Sobre nada que ficou um passo atrás me arrependo
Mas sim de qualquer passo que não tenha dado para frente

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Top 5 interminável

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Nunca tinha percebido, mas quando junto às coisas que mais influenciaram minha vida, ou quando necessito relatar uma opinião onde preciso incluir cinco opções, a quinta nunca aparece ou está disponível em minha memória em alguma experiência significativa no meio das minhas intermináveis viagens emocionais, musicais ou de algum tipo de humor alternativo.

Isso foi constatado em uma noite no meio de um bar onde tocava a banda cover mais incrível de Pink Floyd que já tive a oportunidade de escutar. Em uma discussão com um amigo selecionei as cinco bandas mais espetaculares da história do rock: Pink Floyd, Led Zeppelin, Beatles e Rolling Stones. A quinta opção não estava lá. Pensei e pensei, mas a ultima banda não surgiu mesmo depois de milhões de neurônios gastos e exaustos pela emocionante tarefa que lhes foi dada.

Tentei com as cinco bandas que mais influenciaram minha vida: Kiss, AC/DC, Oasis e Black Crowes. Novamente a quinta opção não veio a tona.

Os cinco filmes que mais marcaram minha existência desde os tempos de criança: O Grande Dragão Branco, Rocky II - A revanche, Quase Famosos e Coração Valente. Como sempre o quinto colocado não existia.

Continuei tentando com as cinco mulheres mais lindas que eu já vi: Jennifer Aniston em Rock Star, Megan Fox em Transfomers, Elisha Cuthbert em The Girl Next Door e Ana Hickman. Mais uma vez a quinta posição não apareceu.

E os cinco livros que mais me marcaram: Christiane F., Misto Quente, 1984 e On the Road. Depois dessa tentativa eu desisti e comecei a encarar o problema de uma forma diferente.

Qual é o maldito problema com o numero cinco! Não me lembro em nenhuma vez ele ser útil em minha vida de alguma maneira válida. Acho que nem mesmo na escola cheguei a tirar a nota cinco. Talvez seja alguma espécie de sinal ou simplesmente uma forma para me deixar com uma duvida eterna fazendo com que eu me sinta um idiota perdendo tanto tempo assim.

Com certeza é um problema de pessoas que não possuem muito o que fazer ou alguma síndrome de Jack Nicholson. Mas, pensando bem, depois de perder tantas horas com isso tomara a Deus que eu não acabe enlouquecendo.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Carta de baralho

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Você lembra? Lembra de quantas vezes fui honesto com você? Lembra de quantas vezes protegi você de injustas acusações sendo elas, às vezes, algumas verdades. E as lamentações fora de hora que era obrigado a ouvir quando eu era a última pessoa que deveria ouvir. Você só destruiu o que era seu, e não foi surpresa pra mim, você começou pelo fim. As noites de sono eram perturbadoras cada vez que você me confundia com suas idéias de diferentes intenções.

Lamento meu tempo perdido onde deixe magoados outros corações para ficar á disposição de sua falsa conversa. Ainda tentei ser um amigo, mas insistia em dizer que eu seria um companheiro único, que igual á mim era raro encontrar por aí. Agora sim, Tin Pan Alley fazia mais sentido para mim, quando a ouvia depois de um cansativo dia de trabalho. Meus pés falavam por mim, pois só eles são capazes de me levar a lugares onde você nem imagina.

O antes que se tornou agora não era o que eu realmente esperava, hoje sua história que podia ser contada como uma poesia é apenas uma lamentação de um amor vagabundo. Hoje você não faz parte dos assuntos interessantes em meio a roda de amigos, só faz parte de um discussão qualquer entre um copo e outro em um bar sujo qualquer entre milhares espalhados pelas ruas de São Paulo. Mesmo assim ainda não me refresca a memória sabendo que você é uma azarada em seus recentes relacionamentos, e ainda tem a coragem de me dizer que comigo você não passaria nem a metade dos problemas á qual hoje você enfrenta.

E agora? Desespera-se dizendo que é infeliz. Não me comove o pranto de quem é ruim. Quem sabe essa mágoa passando você venha se redimir. O diferente se tornou igual novamente, mas desta vez com mudanças. Esse estranho baralho da vida ainda me faltará uma carta.