quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Valores


É engraçado como conseguimos desenvolver características que são excelentes em decepcionar algumas pessoas que dormem sozinhas no quarto ao lado. Palavras, gestos e atitudes impensadas que fazem nossos parceiros esquecerem quem realmente somos e pararem para analisar em que momento de suas vidas penetraram as fortalezas do erro.

Foi triste quando fiz aqueles que amava chorarem, mas foi ainda pior quando minhas lágrimas caíram por culpa de outra pessoa.

Tento olhar o mundo de uma outra forma e cada vez fico mais convencido de que não temos mais esperanças.  Nossos desejos já não valem nada, exatamente como aquela ferida sangrando na pata dianteira esquerda do frágil cão abandonado.  Quando foi que o ser humano passou a ser tão insensível?

Pais, mães, irmãos, irmãs, avós e tios. Esse tipo de vida já não importa mais.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Nobres vagabundos

.
Ainda não me esqueci daqueles momentos que ficávamos de bobeira na rua com chinelos nos pés, sentados sobre o morro de terra e encostados sobre o poste de madeira. Pintávamos os quadros da vida, cada um com sua tonalidade e sentimento. Personalidades diferentes unidos pela amizade sincera criada ao longo dos anos. O uso do material não era necessário quando pensávamos que tínhamos o mundo para nós, tudo isso a um passo da calçada. Pequenos pés que corriam para serem felizes.

O tempo toma conta de enterrar o passado, mas ainda não possui tal habilidade de apagar as lembranças. Nobres vagabundos da poesia do amanhã. Garotos viram homens e pedras viram pó, ao som das garrafas de plástico que corria em meio a tantos pés cheios de alegria. Cada um em seu canto olha para trás sobre os ombros e sorri.

Sim, ali deixamos histórias que se tornaram lembranças agradáveis, não só para nós como para quem passou nas nossas vidas. Éramos reis de um império extenso, naquela época nunca pareceu tão grandiosa nossa rua de terra. A vida encarregou de colocar responsabilidades sobre nossas cabeças, mas juntos sempre lembraremos que somos os nobres vagabundos.


Dedicado à mulecada (hoje homens!) da Vila Petrópolis e região.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Contato

Impaciente, resolvi dar uma volta de bicicleta pelos arredores. O calor chegava a ser um tanto que incômodo, ainda por cima tinha a ajuda da terra vermelha e batida que passava por baixo da minha roda. Pensativo e sozinho dispunha de bastante tempo para debater comigo mesmo tantas idéias mal resolvidas. Cada pedalada ia me afastando pouco a pouco da civilização e ganhando o silêncio da natureza. Enfim, estávamos eu e ela. Eu um tanto destrutivo e ela toda poderosa. Desci e sentei-me rente a montanha e suas árvores. “Estava precisando de um pouco disso!”, havia pensado comigo mesmo.

Refleti sobre momentos bons e ruins, em meio a tanto stress do cotidiano sempre conseguia lembrar-me das coisas boas. Pensei nas pessoas que valiam à pena e nas que mereciam talvez uma segunda chance. O tempo amolece a gente, deixa mais vulnerável em certos aspectos que a gente nem percebe. Precisava mudar alguma coisa, mas não fazia idéia do que era. Seria o cabelo, uma roupa diferente, uma tatuagem nova?

Alguém próximo talvez estivesse precisando de mim? Não hesitei em ligar para uma amiga. Algumas coisas ruins andaram acontecendo com ela. Falei algumas palavras positivas e pude perceber que quando demorava a responder é que estava ocupada soltando um singelo sorriso, a conhecia bem. A vida é uma matéria a ser estudado com afinco, e você só aprende quando sai da teoria para a prática.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Toca discos


Uma única palavra poderia me fazer lembrar tudo o que eu sempre quis. Mais um dia. Mais uma noite. E mais uma chance para parar pra pensar no que realmente importa. Seria muito bom ter asas e aproveitar a chance de voar ao menos uma vez.

Existem coisas que realmente não queria saber. Sempre me disseram que há males que vem para o bem, mas no momento não consigo encarar de frente essa teoria. Quero acreditar que esse não é o momento certo. Isso acaba fazendo com que os anjos não venham para me desejar uma boa noite de sono.

Deitado em minha cama, observo as luzes dos carros que deslizam pelo teto em um momento de reflexão único que já se tornou comum faz algum tempo. Ligo o toca-discos. A agulha risca o vinil e a trilha sonora de meus pensamentos me carrega em uma viagem emocionante entre os singelos acordes de piano. Seria difícil escolher apenas uma canção para que conseguissem finalmente me entender. É muito triste lembrar que existem pessoas surdas pelo mundo.

Aos poucos o sono vem, mas gostaria de acordar e descobrir que o que não queria saber, na verdade, não aconteceu. Talvez um dia tudo mude. Nunca se sabe. Vou deixar o disco tocar, pode ser que exista uma música melhor do outro lado.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Passagem


Talvez tenha exagerado um pouco nos últimos dias. Fazia tempo que não passava por isso e algumas lembranças não me vem mais a memória. Tudo bem. Já está chegando a hora de voltar ao mundo real. Sinceramente, não gostaria.

O beija-flor que sobrevoa minha janela em algumas manhãs sabe muito bem do que estou falando. Algumas experiências mudaram minhas visões sobre alguns conceitos que eu havia formado e, dependendo de nosso estado, percebi que certas atitudes do mundo começam a fazer sentido.

Essa passagem de ano foi um pouco diferente. Quanto mais o tempo passa, tudo parece ficar mais difícil. Gostaria de ter manipulado minhas peças de uma forma diferente. O jogo ainda está no começo, mas é agora que as jogadas irão se definir e mostrar qual o caminho me sobrou seguir. A verdade é que preciso dar mais uma chance ao tempo.