domingo, 30 de novembro de 2008

Conversando com os anjos

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Algumas vezes imagino se ela poderia mesmo conversar com os anjos. Bastaria apenas um olhar para que todos eles se apaixonassem. Um suave gesto e tudo ficaria bem. Daria minha vida para experimentar o seu amor por um segundo que fosse.

Poderia dizer o quão incrível é observar-te ao longe e ver que todos estão felizes a sua volta e como é especial cada momento passado ao seu lado, pois ainda me faltariam palavras para descrever o quanto Deus foi cuidadoso ao te conceber. Gostaria de guardar os elogios e fingir que nada é diferente quando você está por perto, mas seria um pecado esquecer que algo tão lindo passou por aqui.

Um pequeno milagre acontece cada vez que você sorri. Seria maravilhoso adormecer ouvindo sua tocante voz. Tenho certeza que o mundo pararia para te ver chorar. Quando olho para o céu, eu sei que existe uma estrela com o seu nome.

Culpei-me por, uma única vez, ter esquecido seu rosto, mas assim que sonhei tive o prazer de lembrar que nunca mais seria o mesmo sem a sua companhia.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Em um querido lugar

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Uma hora e meia de viagem até os confins de uma das maiores cidades do mundo. Enfrentando a poluição, o tráfego e o interminável caos por um encontro que nem mesmo era meu. Buracos infinitos e uma mediocridade visual que não via há tempos. Um ritual que não estava em meus planos, mas que fui obrigado a fazer por lealdade e compreensão diante daqueles que sempre me quiseram bem.

Um mausoléu no meio do nada que abrigava as mais frágeis e inconsoláveis almas. De rostos machucados pelo tempo e com os corpos exaustos por tanta luta e dor. Em uma fila fatídica, não cessavam de chegar. Apesar do medo e da angústia, abrigavam uma fé que, para nós leigos, era incompreensível.

De um lado a dor, o sofrimento e a fé em busca de uma nova vida, de um sonho e de uma chave que lhes abrisse as portas para a estrada da felicidade. Do outro, um homem tentando lhes ensinar o verdadeiro caminho em troca de alguns sacrifícios impossíveis e demasiado injustos para pessoas naquela miserável situação.

Em meio a tudo aquilo, não soube em qual lado me apoiar e simplesmente me perdi em uma leva de pensamentos solitários que me guiaram a imagem de uma só pessoa em um querido lugar no lado esquerdo do peito.


terça-feira, 18 de novembro de 2008

Ao som da estrada

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Ganhava a estrada ao som de Jet. Descíamos e subíamos a estrada repleta de montanhas pelos dois lados. Fazia tempo que não me afogava plenamente em paisagens um tanto que naturais. Lá havia muito mais que árvores, grama, pedras e alguns bois espalhados pelo pasto. Tinha a calmaria de que vinha buscando há algum tempo. Não tinha pessoas com seus veículos babando de raiva tentando passar por cima de qualquer coisa pra chegar desesperadamente ao seu medíocre trabalho. Tínhamos a música e nossos sonhos. Nossos gostos e desejos. Não era nada demais.

Simplesmente estávamos ali. Nós estávamos ali. Parei de pensar por um instante. Queria somente ficar calado por algum tempo. A chuva de pensamentos me pegou desprevenido. Futuro, tranqüilidade, relacionamento, sexo, amores, decepções, esperança, desapegos, amizades, música. De repente me deparo com uma realidade distante da quê muitos tinham escrito para mim. Achei fantástico. Além de surpreender á mim mesmo ainda fazia as pessoas acreditarem que realmente me conhecem. A janela da minha alma era escura demais para ver através de meus olhos negros.

domingo, 16 de novembro de 2008

Se vem ou se vai

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Queria ter o poder de dizer somente a verdade, de não temer o imprevisível e não ter medo de arriscar o impossível. Não fugir dos pecados e combater o silêncio que assola o meu interior. De não me abater com a tristeza mesmo percebendo que a garota dos seus sonhos não tem olhos para você.

Ninguém nesse mundo quer estar sozinho, mas hoje em dia não é fácil encontrarmos o companheiro ideal. Não estou dizendo que seja difícil encontrar alguém, mas aqueles que valem realmente a pena de se estar ao lado demoram muito a transparecer a nossa volta. Buscamos tanto a perfeição alheia, que nos esquecemos de observar o que realmente importa.

Nunca fui um cowboy da meia noite, muito menos um galã perfeito e incontestável. Ainda assim tive a chance de experimentar emoções que muitos nunca tiveram a oportunidade de sentir. Inúmeras vezes o medo do fracasso me impediu de conquistar diversas mulheres. Gostaria de dizer que sou um conquistador nato, mas infelizmente não posso, contudo, a longo prazo, algumas vezes, acabou funcionando bem. Pergunto-me se deveria ter sido mais corajoso.

Por mais que nossos instintos busquem, por alguns instantes, as mais belas, populares e perfeitas mulheres, são as pequenas coisas que conseguem me tirar fora do ar. O discreto sorriso, a delicada forma para dizer pequenas palavras cordiais e o único e sensível gesto que faz o mundo parar de girar para contemplar o magnífico modo como arruma os delicados fios de cabelo que lhe cobrem o lindo rosto.

Gostaria de saber o que devo fazer?

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Dúvidas


Somente a ira distrai o medo dos desesperados. Nem todos possuem a mesma sorte e os excessos da vida tranqüilizam a instabilidade emocional de cada um. Por maior que seja a verdade, estamos sempre fugindo por atalhos vazios. As grandes tragédias sempre mobilizam o povo e o povo se culpa pelas tragédias da sociedade.

Há uma enorme dúvida em assinarmos a culpa em nosso próprio nome. Não é fácil desistir de tudo e seguir em frente! É necessária uma grande batalha contra si mesmo para se dar conta da inútil realidade.

Algumas vezes temos medo de sair para ver o mundo quando tudo não ocorre como o planejado e percebemos que nada vale tão a pena assim, que o esforço máximo não foi recompensado e que tudo aquilo em que você sempre acreditou não passou de uma reles mentira.

Tudo possui um significado diferente quando temos no que acreditar.

domingo, 9 de novembro de 2008

Sai pela porta e entrei pela janela

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Tinha decidido tomar uma cerveja. Sozinho, novamente, experimentei ouvir um pouco de meus pensamentos. Eles falavam que eu precisaria trocar minhas calças talvez, pois eu estava usando ela já fazia uma semana para ir trabalhar. Estava garoando, mas mesmo assim arrisquei acender um cigarro sabendo da probabilidade dele não permanecer aceso. Tive sorte, coisa rara, e ele assim permaneceu. Sentei e então fiz meu pedido, como se fosse necessário dizer o que desejava. Erguendo o copo comecei a fuçar no meu velho celular. Comecei pela lista, e estava fazendo uma conta de quantos valiam à pena. Não muitos.

Tinha avistado um número que não lembrava mais que existia. Era de uma garota que gostava de mim, não lembrava muita coisa com exceção de seu apelido, mogli. Naquele momento me lembrei que ainda tinha pessoas com menos sorte que eu. Uma vez dito que quem nasce para burro nunca chega a cavalo. E passam a vida inteira tentando provar que isso não interfere em nada. Poucos conseguem. O gato come o pássaro por conveniência, e não porque precisa para sobreviver. Igual os gatos as pessoas tem que demarcar território.


E assim segue a cadeia do forte para o mais fraco. Acho que demorei, mas havia tomado a lição corretamente com respeito á todos. Mas ainda havia muitas pessoas que não enxergam. Estão ocupados demais assistindo televisão. Depois de ter apreciado minha bebida, ter tido uma pequena revolta com meu mundo decidi que era hora de voltar para casa e sociabilizar com alguém. Voltando então me preparei para cuspir no chão, assim como todo bom homem, mas executei a tarefa muito mal. Droga, tinha caído bem no meu peito. Tinha esquecido por um momento que minha sorte já tinha sido válida no cigarro.

Lágrimas do tempo

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Isolado no meio de todos, o pequeno garoto se perguntava por que sua presença nunca era necessária. Escrevendo sobre os inexplicáveis acontecimentos da vida, o pequeno garoto se lamentava pela rejeição sempre ter bloqueado seu caminho e o impedido de seguir em frente. E compondo o que sentia, o pequeno garoto não entendia porque a compreensão do mundo não era capaz de enxergar a emoção que guiava as notas do seu coração.

Aquele pequeno garoto se transformou em homem. Como uma muralha, não mais sentiu a chuva de ásperas palavras e o suspiro amargo de cada manhã. As nuvens negras e o crepúsculo eterno se tornaram companheiros inseparáveis e a neblina que se erguia no final do gelado entardecer se tornou, durante muitos anos, sua única e verdadeira amiga.

O homem maduro, por mais que tentasse, não pode conter o tempo e contra sua vontade, transformou-se em velho. Sua força e coragem esvaíram-se e, até mesmo, a saúde o havia abandonado. Sem ter por onde fugir e como lutar, pela última vez em sua eterna solidão, teve a chance de olhar fundo nas entranhas de sua orgulhosa alma. Quando a última lágrima escorreu por seu envelhecido rosto, deu-se conta de que nunca havia deixado de ser uma inocente criança.

sábado, 8 de novembro de 2008

Andei conversando...

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Andei conversando um pouco com a senhora solidão. Tinha ela me dito que éramos bons companheiros. Ri da sua cara. Faltava um pouco de mim naquela hora. Talvez aquela iniciativa tivesse trazido frutos agora. O vento batia e eu ainda permanecia imune, imóvel. Tinha trocado comida por bebida. Meu corpo andava suspeitando que a mente planejasse algo contra ele. Era muito mais que se imaginava.

Uma coisa interna, que chegava a ser agressiva, incontrolável. Estava sentindo um gosto amargo no meio do doce. Então arrisquei ler algo no jornal, por ironia abri no horóscopo. Detestava o horóscopo. Dizia algumas coisas sobre planetas e seus satélites naturais. Algo sobre um tal de clima astral. Eu entendo de horóscopo com entendo do índice Dow Jones.

Dizia coisas agradáveis que, por um momento, me fazia chegar a acreditar. A coisa toda embaralhava sua mente como cartas de baralho. No amor dizia instabilidade, rupturas, percepções, romance, estranhamentos. Dobrei o jornal e recorri para alguma música. Onde nós paramos mesmo, senhora solidão?