domingo, 9 de novembro de 2008

Lágrimas do tempo

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Isolado no meio de todos, o pequeno garoto se perguntava por que sua presença nunca era necessária. Escrevendo sobre os inexplicáveis acontecimentos da vida, o pequeno garoto se lamentava pela rejeição sempre ter bloqueado seu caminho e o impedido de seguir em frente. E compondo o que sentia, o pequeno garoto não entendia porque a compreensão do mundo não era capaz de enxergar a emoção que guiava as notas do seu coração.

Aquele pequeno garoto se transformou em homem. Como uma muralha, não mais sentiu a chuva de ásperas palavras e o suspiro amargo de cada manhã. As nuvens negras e o crepúsculo eterno se tornaram companheiros inseparáveis e a neblina que se erguia no final do gelado entardecer se tornou, durante muitos anos, sua única e verdadeira amiga.

O homem maduro, por mais que tentasse, não pode conter o tempo e contra sua vontade, transformou-se em velho. Sua força e coragem esvaíram-se e, até mesmo, a saúde o havia abandonado. Sem ter por onde fugir e como lutar, pela última vez em sua eterna solidão, teve a chance de olhar fundo nas entranhas de sua orgulhosa alma. Quando a última lágrima escorreu por seu envelhecido rosto, deu-se conta de que nunca havia deixado de ser uma inocente criança.

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