quinta-feira, 31 de julho de 2008

O agora


Fixo meus pés no chão
Meus passos dizem quem eu sou
Meus olhos enxergam aquilo que meus pés exigem
Minhas mãos clareiam o que meus olhos não enxergam
O ouvido escuta o quê as mãos não tapam
Nem sempre meu paladar prova aquilo que é dado
Mas minha dor será sentida por aquele que o faz
E tudo novamente fica um passo atrás
Sobre nada que ficou um passo atrás me arrependo
Mas sim de qualquer passo que não tenha dado para frente

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Top 5 interminável

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Nunca tinha percebido, mas quando junto às coisas que mais influenciaram minha vida, ou quando necessito relatar uma opinião onde preciso incluir cinco opções, a quinta nunca aparece ou está disponível em minha memória em alguma experiência significativa no meio das minhas intermináveis viagens emocionais, musicais ou de algum tipo de humor alternativo.

Isso foi constatado em uma noite no meio de um bar onde tocava a banda cover mais incrível de Pink Floyd que já tive a oportunidade de escutar. Em uma discussão com um amigo selecionei as cinco bandas mais espetaculares da história do rock: Pink Floyd, Led Zeppelin, Beatles e Rolling Stones. A quinta opção não estava lá. Pensei e pensei, mas a ultima banda não surgiu mesmo depois de milhões de neurônios gastos e exaustos pela emocionante tarefa que lhes foi dada.

Tentei com as cinco bandas que mais influenciaram minha vida: Kiss, AC/DC, Oasis e Black Crowes. Novamente a quinta opção não veio a tona.

Os cinco filmes que mais marcaram minha existência desde os tempos de criança: O Grande Dragão Branco, Rocky II - A revanche, Quase Famosos e Coração Valente. Como sempre o quinto colocado não existia.

Continuei tentando com as cinco mulheres mais lindas que eu já vi: Jennifer Aniston em Rock Star, Megan Fox em Transfomers, Elisha Cuthbert em The Girl Next Door e Ana Hickman. Mais uma vez a quinta posição não apareceu.

E os cinco livros que mais me marcaram: Christiane F., Misto Quente, 1984 e On the Road. Depois dessa tentativa eu desisti e comecei a encarar o problema de uma forma diferente.

Qual é o maldito problema com o numero cinco! Não me lembro em nenhuma vez ele ser útil em minha vida de alguma maneira válida. Acho que nem mesmo na escola cheguei a tirar a nota cinco. Talvez seja alguma espécie de sinal ou simplesmente uma forma para me deixar com uma duvida eterna fazendo com que eu me sinta um idiota perdendo tanto tempo assim.

Com certeza é um problema de pessoas que não possuem muito o que fazer ou alguma síndrome de Jack Nicholson. Mas, pensando bem, depois de perder tantas horas com isso tomara a Deus que eu não acabe enlouquecendo.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Carta de baralho

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Você lembra? Lembra de quantas vezes fui honesto com você? Lembra de quantas vezes protegi você de injustas acusações sendo elas, às vezes, algumas verdades. E as lamentações fora de hora que era obrigado a ouvir quando eu era a última pessoa que deveria ouvir. Você só destruiu o que era seu, e não foi surpresa pra mim, você começou pelo fim. As noites de sono eram perturbadoras cada vez que você me confundia com suas idéias de diferentes intenções.

Lamento meu tempo perdido onde deixe magoados outros corações para ficar á disposição de sua falsa conversa. Ainda tentei ser um amigo, mas insistia em dizer que eu seria um companheiro único, que igual á mim era raro encontrar por aí. Agora sim, Tin Pan Alley fazia mais sentido para mim, quando a ouvia depois de um cansativo dia de trabalho. Meus pés falavam por mim, pois só eles são capazes de me levar a lugares onde você nem imagina.

O antes que se tornou agora não era o que eu realmente esperava, hoje sua história que podia ser contada como uma poesia é apenas uma lamentação de um amor vagabundo. Hoje você não faz parte dos assuntos interessantes em meio a roda de amigos, só faz parte de um discussão qualquer entre um copo e outro em um bar sujo qualquer entre milhares espalhados pelas ruas de São Paulo. Mesmo assim ainda não me refresca a memória sabendo que você é uma azarada em seus recentes relacionamentos, e ainda tem a coragem de me dizer que comigo você não passaria nem a metade dos problemas á qual hoje você enfrenta.

E agora? Desespera-se dizendo que é infeliz. Não me comove o pranto de quem é ruim. Quem sabe essa mágoa passando você venha se redimir. O diferente se tornou igual novamente, mas desta vez com mudanças. Esse estranho baralho da vida ainda me faltará uma carta.


sábado, 5 de julho de 2008

A pequena bola de pelos

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O engraçado foi que quando ele chegou tinha apenas 10cm e possuía uma dificuldade incrível para conseguir mover qualquer músculo em sua cama altamente preparada e especializada para animais de pequeno-micro porte. Simplesmente uma pequena bola de pelos que se alimentava com no máximo cinco gramas de carne por dia.

Mas os pelos cresceram, a cama aumentou, a conta no açougue dobrou e perguntas e expressões como essa começaram a vir à tona:

-Mãe, cadê a porcaria do meu sapato?
-Meu deus! Olha o tamanho desse cocô.
-Filho da p**a! Esse era o meu DVD novo do demolidor!

A fama de bonzinho no inicio de carreira e rei da música pop já não era a mesma depois que Michael segurou seu filho na varanda a 40 metros de altura e cogitou ter relações amorosas com sujeitos da primeira metade do ensino fundamental. E assim também foi com a pequena bola de pelos que já não possuía as mesmas características elegantes de seus dois primeiros meses.

Sacrifício, abandono e doação passaram por nossas cabeças muitas e muitas vezes, mas é fantástica a forma como certos animais conseguem nos cativar e tomar um lugar em nossos corações, não importa o quão idiota e inúteis eles sejam (existem pessoas que amam os peixes!). Com a pequena bola de pelos não ia ser diferente. O seu carinho, estardalhaço e nervosismo de alguma forma nos fizeram mantê-lo conosco e nos lembraram que sentiríamos muito a sua falta e que no fundo seria um erro terrível.

Nem sempre o que nasce belo continua belo. Nem sempre o que nasce inofensivo continua calmo e tranqüilo. E nem sempre o que no começo é agradável termina feliz e contagiante. Mas quando pesamos as diferenças eles continuam sempre sendo queridos e amados, só que algumas vezes acabamos nos esquecendo disso.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Cafe macchiato

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É incrível como certas coisas em nossa vida parecem conspirar para que outras nunca saiam de nossa rotina.

Todo os dias de manhã, acordo, troco minhas roupas, me despeço de minha namorada e desço até o bar para degustar o meu precioso café macchiato. Duas colheres de açúcar, uma leve mexida e pronto:

"Está perfeito! O primeiro gole é o mais saboroso."

O caminho das escadas parece sereno e a saída até a rua é bastante especial, porque meu amigo da casa da frente, que ainda não sei o nome, está sempre tranqüilo e inabalável. Assim sei que nesse dia uma nova experiência me aguarda.

E não importa se eu acordar atrasado, se minha garota pedir para eu ficar mais um pouco na cama após uma noite apaixonante e enlouquecida, se eu chegar no bar depois das quinze horas ou se a garçonete levantar com o pé esquerdo, porque tenho certeza que, independentemente de qualquer coisa, o meu precioso café sempre estará lá.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Sabíamos


Voltamos na madrugada gelada, nossos passos mais pareciam qualquer dança indígena do que uma simples volta pra casa. Olhávamos um para a cara do outro e riamos, riamos com vontade, com gosto, riamos com sinceridade. Sabíamos o que estávamos pensando, não precisávamos nem dialogarmos, quem sabe não riamos de uma noite desastrosa. Pode ser até alguma boa piada contada no meio de nosso pessoal. Sabíamos que nossa história terminando bem ou mal era pra ser uma história que iria ser contada no dia seguinte, provavelmente com risos. A escadaria da casa parecia maior, com mais degraus, mais íngreme. A cama hoje parece estar mais confortável, contamos nossa última piada, o sono nunca me pareceu tão bom.



Instinto ou razão?

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Como se torna difícil escrever quando se tem muitas idéias, tornar palavras amargas em poesia é mais complicado do que eu pensava. De certo modo sempre irá soar de maneira agradável para quem quer ouvir. É fácil expressar a dor alheia, mas a partir que começa á olhar si próprio quase nunca você enxerga a palavra ideal para cada sentimento. Podemos enumerar facilmente nossas qualidades, mas raramente qualificamos nossos erros. Sim, admitir nossos mais profundos erros nos torna capacitado para sempre tentarmos corrigir, mas a dificuldade se encontra quando passamos a achar que somos seres perfeitos. Muito raro agirmos por instinto hoje em dia, as pessoas perderam a magia do instinto, dificilmente acreditamos que estamos certos por instinto, simplesmente somos levada pela lógica clara e simples colocada á nossa frente, eu não.



quarta-feira, 2 de julho de 2008

Cotidiano


Engraçado, tinha parado pra pensar. Estava eu, concentrado sentado no vaso sanitário, olhava em volta e via mofo, sim, bolores de mofo de um banheiro porcamente limpo. Difícil era saber se eu estava incomodado com a privada toda mijada sem tampa ou na hora que eu fosse acabar teria que usar uma folha de caderno de 10 matérias, 200 folhas, tilibra. Estava tentando achar talvez algum meio de ajudar minha pessoa nessa situação. Olhava o buraco do ralo sem tampa.

"Droga, vou deixar de comer hoje e comprar para ele uma tampa para aquele ralo."
Realmente achei engraçado aquele momento, ria sozinho em pleno banheiro, eu fudido, ele fudido e todos nós ainda tinhamos sorriso estampado no rosto. Ainda conseguia achar graça em meio a tanta merda, todos podem achar graça em meio à desgraça. Pego então uma folha do caderno de dez matérias, duzentas folhas, tilibra...agora são 199..., talvez 168..., começo a rir novamente.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Cirque du soleil do rock n' roll

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Me lembro de quando era garoto e minha banda favorita era o Kiss. Entre os treze e o quinze anos possuia uma coleção infindável de discos, artigos e bugigangas sobre tudo que se relacionava aos caras maquiados. Tudo o que acontecia de novo com os integrantes e com a banda me interessavam mais do que a escola e os deveres, que não eram muitos naquela época. Com o tempo fui crescendo e começando a expandir o meu gosto musical, procurando letras mais sofisticadas e riffs mais elaborados naquela gama infinita de bandas setentistas e deixando-os um pouco de lado.

Nunca me esqueço de uma Playboy que eu tinha da Juliana Paes, que era realmente “boa”, mas que eu não tinha comprado por causa dela e sim pela reportagem dos 50 melhores discos de rock já lançados que a acompanhava.

Meu Deus! Quem compra uma Playboy por causa de uma reportagem? E lá tinha uma frase embaixo do ábum Destroyer que dizia o seguinte:

“Existe uma fase na vida de qualquer garoto que o KISS é a coisa mais importante do mundo”

Puta que pariu! O show de hoje me lembrou que isso é verdade.

Explosões, luzes, música, sexo e arte, com uma mistura de Cirque du Soleil e Andy Warhol enfiados em uma lamborguini a 250km/h se estraçalhando contra um muro de concreto é o que poderíamos descrever da incrível experiência de assistir a um concerto do KISS.

Quando as luzes do estádio se apagaram e os holofotes disparavam suas luzes contra o publico procurando algo inimaginável, a voz nos bastidores anunciava: “You wanted the best, you got the best...”, aquela massa insurdecedora de mais de 20 mil pessoas já gritavam a espera da entrada triunfal dos donos da noite. Quando os primeiras notas de Deuce soaram e as explosões e luzes incendiavam nossos olhos e os quatro rockeiros de plataforma pisaram no palco, a arena de Verona veio abaixo.

Logo seguida de Strutter, Got to Choose e Hotter Than Hell com breves pausas do starman Paul Stanley para interagir com o público e arranhar um pouco no italiano. Logo depois Eric Singer (o substituto de Peter Criss e que por sinal usa a maquiagem do integrante original) fez uma bela versão de Nothin’ To Loose emendada por C’mon And Love Me e Parasite.

Finalmente o momento que eu mais esperava havia chegado. O Riff de She anunciava que era a hora de Tommy Thayer (o novo Space Ace) brilhar. No meio dessa canção é reservado um momento especial a ele e todos os outros integrantes saem do palco para que homem do espaço possa fazer seus solos alucinantes e brincar com a platéia, que delirava a cada nota tocada. O seu momento de gloria chegou quando apontou a sua Gibson Les Paul para o céu e atirou como se possuisse um rifle nas mãos. Chovia uma cachoeira de fogos e faíscas do braço de sua guitarra. A cada novo tiro se ouvia os gritos histéricos dos presentes que pareciam não acreditar no que estavam vendo.

100,000 Years mostrou as habilidades de Eric como baterista fazendo o mesmo solo que Peter fazia nos anos 70 e injetando um nova dose de adrenalina nos fans. Cold Gin, Let Me Go Rock N’ Roll e Black Diamond continuavam a odisséia.

E eis que somos agraciados com os primeiros acordes de Rock And Roll All Nite fazendo a arena ferver em delírio enquanto as bombas explodiam e a infinidade de fogos eram lançados ao céu como se naquela noite fosse a virada do ano. Tudo isso acrescentado de uma imensa chuva de papeis picados que eram enviados ao púbilco sem que nenhum espectador deixasse uma parte sequer do refrão escapar de seus pulmões e observando eufóricos Paul destruir sua guitarra, transformavam aquele evento em uma das coisas mais extraordinárias que é possível se ver em termos de espetáculo.

A primeira parte do show em comemoração aos 35 anos da turnê Alive! que era focada somente nos três primeiros álbums (Kiss, Hotter Than Hell e Dressed To Kill) terminava alí. Então no palco os diretores do evento entraram e presentearam a banda com uma placa enorme em respeito aos milhares de dicos vendidos mundialmente e por ser a primeira vez que os “garotos” pintados tocavam em Verona.

Depois dos agradecimentos Paul toma o microfone para sí e aos berros diz: “Let’s Rock!”Ao mesmo tempo eu me perguntava como era possível me darem mais do que aquilo que já havia visto. Então Shout It Out Loud e Lick It Up que fazia um medley com Won’t get Folled Again (eu juro!) do The Who me mostraram que os velhinhos ainda tinham gás. Mais explosões, fogos, luzes e rock pareciam eternizar aquela noite.

Stanley dançava, gritava, rebolava e se divertia como se ainda tivesse 20 anos de idade. Tommy Thayer solava e viajava pelo palco como ninguém. Eric Singer urrava e espancava sua bateria com furia e gosto. Mas onde “cazzo” estava Gene Simons? Os gritos do público me responderam.

As luzes do estádio se apagaram e somente Gene era focalizado. O show de horror começava e Simons roubava a cena espancando seu baixo e cuspindo sangue como um animal raivoso. Prosseguindo já com o rosto todo manchado de ovos e catchup ele abre os braços e é alçado até um sobre-palco a 10 metors de altura. Sozinho no alto e com o público nas mãos ele inicia a melodia de I Love It Loud e a Arena parece tranbordar felicidade enquanto todos cantam juntos. Acho que toda Verona acordou com essa música.

I Was Made For Loving You e Love Gun terminavam o maior show de rock que Verona já havia presenciado e Detroit Rock City fechou o evento com a bateria sendo levantada em uma plataforma a 5 metros de altura e uma cascata de faícas enorme que caiam sobre a banda e lembravam muito o Copacabana Palace em noite de reveillon.

Hoje, mais de um mês depois, ainda guardo boas lembranças desse espetáculo e espero ter a oportunidade de reviver experiências como essas, não sei se com o Kiss ou com alguma outra banda, mas se for a minha, melhor ainda.

Fresta da janela

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Olho o telefone, queria ligar para alguém. Mas simplesmente não tenho ninguém que eu possa ligar, talvez nem queiram atender, talvez. Ou até mesmo eu também nem queira falar com elas. Caderno aberto na frente, idéias bobas, fúteis, sem qualquer criatividade ou imaginação. Uma coisa me atormenta, só uma coisa agora realmente me incomoda, não tenho cerveja nem saco pra ir buscar uma delas, só olho da fresta da janela e vejo carros. São apenas carros. Penso:

“Será mesmo possível ser feliz a ficar guiando uma merda dessas?”.

Gosto de andar a pé, assim vejo as pessoas. Não fico irritado andando a pé, as pessoas sim ficam, e acabam me irritando . Pode parecer estranho mas apesar de gostar de andar não consigo levantar-me e ir buscar algumas cervejas. Ao parecer daqui de cima escuto algumas vozes, então olho o telefone, queria ligar para alguém.