terça-feira, 1 de julho de 2008

Cirque du soleil do rock n' roll

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Me lembro de quando era garoto e minha banda favorita era o Kiss. Entre os treze e o quinze anos possuia uma coleção infindável de discos, artigos e bugigangas sobre tudo que se relacionava aos caras maquiados. Tudo o que acontecia de novo com os integrantes e com a banda me interessavam mais do que a escola e os deveres, que não eram muitos naquela época. Com o tempo fui crescendo e começando a expandir o meu gosto musical, procurando letras mais sofisticadas e riffs mais elaborados naquela gama infinita de bandas setentistas e deixando-os um pouco de lado.

Nunca me esqueço de uma Playboy que eu tinha da Juliana Paes, que era realmente “boa”, mas que eu não tinha comprado por causa dela e sim pela reportagem dos 50 melhores discos de rock já lançados que a acompanhava.

Meu Deus! Quem compra uma Playboy por causa de uma reportagem? E lá tinha uma frase embaixo do ábum Destroyer que dizia o seguinte:

“Existe uma fase na vida de qualquer garoto que o KISS é a coisa mais importante do mundo”

Puta que pariu! O show de hoje me lembrou que isso é verdade.

Explosões, luzes, música, sexo e arte, com uma mistura de Cirque du Soleil e Andy Warhol enfiados em uma lamborguini a 250km/h se estraçalhando contra um muro de concreto é o que poderíamos descrever da incrível experiência de assistir a um concerto do KISS.

Quando as luzes do estádio se apagaram e os holofotes disparavam suas luzes contra o publico procurando algo inimaginável, a voz nos bastidores anunciava: “You wanted the best, you got the best...”, aquela massa insurdecedora de mais de 20 mil pessoas já gritavam a espera da entrada triunfal dos donos da noite. Quando os primeiras notas de Deuce soaram e as explosões e luzes incendiavam nossos olhos e os quatro rockeiros de plataforma pisaram no palco, a arena de Verona veio abaixo.

Logo seguida de Strutter, Got to Choose e Hotter Than Hell com breves pausas do starman Paul Stanley para interagir com o público e arranhar um pouco no italiano. Logo depois Eric Singer (o substituto de Peter Criss e que por sinal usa a maquiagem do integrante original) fez uma bela versão de Nothin’ To Loose emendada por C’mon And Love Me e Parasite.

Finalmente o momento que eu mais esperava havia chegado. O Riff de She anunciava que era a hora de Tommy Thayer (o novo Space Ace) brilhar. No meio dessa canção é reservado um momento especial a ele e todos os outros integrantes saem do palco para que homem do espaço possa fazer seus solos alucinantes e brincar com a platéia, que delirava a cada nota tocada. O seu momento de gloria chegou quando apontou a sua Gibson Les Paul para o céu e atirou como se possuisse um rifle nas mãos. Chovia uma cachoeira de fogos e faíscas do braço de sua guitarra. A cada novo tiro se ouvia os gritos histéricos dos presentes que pareciam não acreditar no que estavam vendo.

100,000 Years mostrou as habilidades de Eric como baterista fazendo o mesmo solo que Peter fazia nos anos 70 e injetando um nova dose de adrenalina nos fans. Cold Gin, Let Me Go Rock N’ Roll e Black Diamond continuavam a odisséia.

E eis que somos agraciados com os primeiros acordes de Rock And Roll All Nite fazendo a arena ferver em delírio enquanto as bombas explodiam e a infinidade de fogos eram lançados ao céu como se naquela noite fosse a virada do ano. Tudo isso acrescentado de uma imensa chuva de papeis picados que eram enviados ao púbilco sem que nenhum espectador deixasse uma parte sequer do refrão escapar de seus pulmões e observando eufóricos Paul destruir sua guitarra, transformavam aquele evento em uma das coisas mais extraordinárias que é possível se ver em termos de espetáculo.

A primeira parte do show em comemoração aos 35 anos da turnê Alive! que era focada somente nos três primeiros álbums (Kiss, Hotter Than Hell e Dressed To Kill) terminava alí. Então no palco os diretores do evento entraram e presentearam a banda com uma placa enorme em respeito aos milhares de dicos vendidos mundialmente e por ser a primeira vez que os “garotos” pintados tocavam em Verona.

Depois dos agradecimentos Paul toma o microfone para sí e aos berros diz: “Let’s Rock!”Ao mesmo tempo eu me perguntava como era possível me darem mais do que aquilo que já havia visto. Então Shout It Out Loud e Lick It Up que fazia um medley com Won’t get Folled Again (eu juro!) do The Who me mostraram que os velhinhos ainda tinham gás. Mais explosões, fogos, luzes e rock pareciam eternizar aquela noite.

Stanley dançava, gritava, rebolava e se divertia como se ainda tivesse 20 anos de idade. Tommy Thayer solava e viajava pelo palco como ninguém. Eric Singer urrava e espancava sua bateria com furia e gosto. Mas onde “cazzo” estava Gene Simons? Os gritos do público me responderam.

As luzes do estádio se apagaram e somente Gene era focalizado. O show de horror começava e Simons roubava a cena espancando seu baixo e cuspindo sangue como um animal raivoso. Prosseguindo já com o rosto todo manchado de ovos e catchup ele abre os braços e é alçado até um sobre-palco a 10 metors de altura. Sozinho no alto e com o público nas mãos ele inicia a melodia de I Love It Loud e a Arena parece tranbordar felicidade enquanto todos cantam juntos. Acho que toda Verona acordou com essa música.

I Was Made For Loving You e Love Gun terminavam o maior show de rock que Verona já havia presenciado e Detroit Rock City fechou o evento com a bateria sendo levantada em uma plataforma a 5 metros de altura e uma cascata de faícas enorme que caiam sobre a banda e lembravam muito o Copacabana Palace em noite de reveillon.

Hoje, mais de um mês depois, ainda guardo boas lembranças desse espetáculo e espero ter a oportunidade de reviver experiências como essas, não sei se com o Kiss ou com alguma outra banda, mas se for a minha, melhor ainda.

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