terça-feira, 23 de setembro de 2008

O Pensamento Solitário de um Ouvido

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Acordei. Abri os braços e emiti algum som bizarro que somente a manhã nos proporciona. O café não estava com nenhum gosto especial, mas não estava ruim. Nem muito bom muito menos ruim, normal. Comendo me programei sem pressa alguma para os afazeres do meu dia. O jornal sempre com diversos anúncios. O rádio anunciava uma bela manhã ensolarada. Britto Jr. anunciava uma matéria sobre cachorros (cachorros?). Meu pai anunciava em meus ouvidos, algumas que verbalmente outras um tanto que físicas, que deveria tomar banho, pentear o cabelo, fazer a barba, e outras coisas que quase sempre não escuto direito. Não o culpo, muito que pelo contrário, ele tem seus reais motivos.


Levanto-me já sabendo que vou gastar metade do meu dia cobrando. Cobranças, sempre cobranças. Dívidas, livros emprestados, uma cerveja no bar e alguns favores. Ah sim, e algumas promessas de emprego também. Depois de não obter sucesso em algumas (quase sempre em todas) desço e sento na escada do prédio. Tento bolar uma piada, algo realmente engraçado para me distrair, mas só vêm em minhas idéias humor negro e palavrões.


Distraiu-me quando passa um grupo de jovens, em torno de seus quinzes anos, debatendo entre si uma besteira sem fundamento, não sabiam nem o que diziam. Besteiras cotidianas de alguém que nunca teve prazer de deitar na merda e acordar coberto por ela. Que saco, realmente eu andava em conflito comigo mesmo. Então me ergui e fui comprar um livro no sebo, pois uma vez tinha ouvido por aí que as únicas pessoas que ganham à vida parado no mesmo lugar são os goleiros.

Um comentário:

Anônimo disse...

Os goleiros, os guardas de trânsito, as estátuas vivas... parar é uam arte para poucos!
conflitos, bons livros, cerveja receita de uma vida feliz
merda, enprego, brito junior
receita da vida real...
abraço!