sábado, 8 de novembro de 2008

Andei conversando...

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Andei conversando um pouco com a senhora solidão. Tinha ela me dito que éramos bons companheiros. Ri da sua cara. Faltava um pouco de mim naquela hora. Talvez aquela iniciativa tivesse trazido frutos agora. O vento batia e eu ainda permanecia imune, imóvel. Tinha trocado comida por bebida. Meu corpo andava suspeitando que a mente planejasse algo contra ele. Era muito mais que se imaginava.

Uma coisa interna, que chegava a ser agressiva, incontrolável. Estava sentindo um gosto amargo no meio do doce. Então arrisquei ler algo no jornal, por ironia abri no horóscopo. Detestava o horóscopo. Dizia algumas coisas sobre planetas e seus satélites naturais. Algo sobre um tal de clima astral. Eu entendo de horóscopo com entendo do índice Dow Jones.

Dizia coisas agradáveis que, por um momento, me fazia chegar a acreditar. A coisa toda embaralhava sua mente como cartas de baralho. No amor dizia instabilidade, rupturas, percepções, romance, estranhamentos. Dobrei o jornal e recorri para alguma música. Onde nós paramos mesmo, senhora solidão?

Um comentário:

celia linsingen disse...

Adorei:
"embaralhava sua mente como cartas de baralho"

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